VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

OS GOVERNOS E SEUS POTENCIAIS DE ESTRAGO






ZERO HORA 02 de Agosto de 2017. INDICADORES


Ricardo Hingel, Economista




Estive recentemente de férias nos Estados Unidos, quando presenciei estradas cheias, restaurantes lotados, shoppings e outlets movimentados, ou seja, uma vida de normalidade, passada tanto a grande crise econômica iniciada em 2008 quanto as incertezas representadas pela eleição de Donald Trump.

Passado o susto inicial com Trump, fica evidente que lá a economia é muito maior do que seus governantes e o potencial de estrago que ele poderia causar era bem menor do que seria em economias menos consolidadas. Mesmo com a alta impopularidade de Trump, não há instabilidade política. Souvenir que é oferecido fartamente nas lojas lá é um relógio com a foto de Trump com a contagem regressiva para o término de seu mandato, o que dá uma ideia de como ele é visto.

O que defende aquele país de imprevisíveis outsiders e seus riscos, como no caso, é a solidez institucional e econômica construída desde sua independência, o que limita muito o potencial de estrago de cada presidente que se sucede. Como aqui, lá o presidencialismo depende do Congresso, que impede aventuras e aventureiros.

Para lembrar, o episódio do ?subprime?, que explodiu em 2008 e gerou a maior crise na economia mundial desde 1929, teve raízes na economia privada e se deu também pelo ?não governo?, na medida em que ocorreu em um sistema financeiro paralelo que operacionalizava a chamada securitização das hipotecas, onde financiamentos eram originados para serem vendidos e sustentaram a bolha imobiliária que vazou; na época, era insuficiente a fiscalização e a regulação deste sistema paralelo, que não respeitou regras e cuidados bancários básicos.

O que vemos no Brasil, mesmo antes dos governos militares, é um amplo avanço do setor público e de sua influência na economia: sempre se vendendo à sociedade uma ideia de que tudo deveria ser suprido pelo Estado, tivemos uma crescente apropriação do PIB pelo setor público e suas corporações; quanto maior a participação governamental na economia, maior será seu potencial de estrago. Diferente das crises americanas, as brasileiras tiveram sempre o DNA público e de seus gestores. Embora, em tese, nosso modelo político se assemelhe àquele, ao também depender de aprovações legislativas, nossa menor qualificação institucional e congressual não consegue nos proteger.

O caos econômico brasileiro atual comprovou nossa fragilidade, pois o arcabouço político-institucional existente não foi capaz de impedir aventuras econômicas e nem a chaga da corrupção, permitindo, entre outros, que a sequência Lula-Dilma colocasse o Brasil em uma situação de desastre inédita e de difícil retorno.

Ricardo Hingel escreve às quartas-feiras, a cada 15 dias. Amanhã, Bruno Zaffari.

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