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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Deputados TRAMAM equiparação salarial com STF e STJ. De 16 para quase 28 mil reais por mês.




Deputados tramam aumento dos próprios salários. Parlamentares querem pegar carona em projetos do Judiciário para pedir equiparação com os vencimentos dos ministros do STF - Congresso em Foco - Eduardo Militão

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), decidiu criar um grupo de trabalho para tratar de temas de interesse do Judiciário, incluindo o aumento dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal, atualmente em R$ 24.500 mensais. A atitude abre caminho para, no futuro, os próprios parlamentares reivindicarem reajustes salariais. Muitos deputados já defendem a equiparação com os magistrados do STF.

A informação sobre a decisão do presidente da Câmara foi passada ao Congresso em Foco pelo vice-líder do governo no Congresso, deputado Ricardo Barros. Ontem (17) à tarde, Temer conversou com Barros (PP-PR), sobre o assunto. "Ele determinou que o Mozart [Vianna, secretário geral da Mesa] tomasse as providências", informou Barros. Entretanto, o vice-líder é contra o aumento para os congressistas e a mistura dos dois temas, ao contrário de seus colegas. "Não misturo esses dois assuntos."

O grupo de trabalho a ser criado vai cuidar de temas como o aumento do Judiciário, da volta do recesso forense em julho e dezembro, a responsabilização de promotores do Ministério Público que fizerem denúncias infundadas, a criação de uma idade mínima para ingresso nas carreiras de juiz e promotor e a permissão para as CPIs convocarem juízes para depor. Apesar de defensor da equiparação salarial entre parlamentares e ministros do STF, Barros enfatizar que o reajuste para deputados e senadores não está no pacote. "Não está em discussão, são assuntos diferentes", descarta.

Mas não faltam deputados favoráveis à idéia. O ex-líder do PR Luciano Castro (RR) defende salários "equivalentes" entre os Poderes Judiciário e Legislativo. Ele diz que há um movimento na Casa para isso. "O que o pessoal está querendo é pegar carona no aumento do Legislativo para todos os poderes", diz Castro.

Apesar de julgar necessário, Castro entende que o reajuste dos parlamentares não deve ser feito neste momento. "Temos que caminhar para isso acontecer a longo prazo, porque agora é um momento de crise", aposta Milton Monti (PR-SP).

Pressões

O deputado diz ser "mais do que óbvio" o fato de o Judiciário fazer pressões pelo reajuste. Ex-desembargador, Régis Oliveira (PSC-SP) conta que a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) se reúne com Temer após o carnaval para debater o aumento para a corporação.

Dois projetos de lei, um de 2006 e outro de 2007, prevêem o aumento de 5% para os ministros do STF e para o procurador geral da República, passando de R$ 24.500 para R$ 25.725. O orçamento da União deste ano prevê a aprovação destas matérias e reserva R$ 476 milhões por ano para pagar a diferença salarial aos ministros e aos magistrados e promotores de tribunais inferiores. Essa previsão exclui os aumentos em cascata nos tribunais e promotorias estaduais.

Régis entende que a equiparação entre Legislativo e Judiciário deve ser feita conforme a Constituição. Para ele, o presidente da Câmara deve ganhar como um ministro do STF e os demais deputados, como ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Ontem, o líder do PSDB, José Aníbal (SP), negou que tivesse proposto trocar o fim da verba indenizatória pela equiparação salarial entre os dois Poderes.

"Eu disse que, se for insuficiente a publicidade da verba, poderíamos incorporar parte dela no salário dos parlamentares, mas um valor que não seja maior que a metade da verba", afirmou ele ao Congresso em Foco.

Ou seja, o salário de R$ 16.500 poderia ser acrescido de até R$ 7.500 (metade da verba) e chegar a R$ 24.000, quase a remuneração dos ministros do Supremo.

Percentual

Apesar de os projetos de lei preverem um aumento de 5% para magistrados e membros do Ministério Público, uma reportagem de o jornal O Estado de S.Paulo informou que os membros do STF pressionavam por um aumento maior, de 13%. Isso elevaria os salários para R$ 27.716.

Segundo Ricardo Barros, nada está definido quanto a percentuais. "Isso é o que vai ser discutido." O Congresso em Foco ouviu deputados que consideram o aumento de 13% uma compensação ao atraso na votação dos projetos de lei, que estão na Casa pelo menos desde 2006.

Apesar disso, a assessoria do STF nega a pressão. O presidente do tribunal, Gilmar Mendes, ainda não tratou do aumento salarial para a magistratura, informou a assessoria. A assessoria de Temer também negou a discussão do tema com Mendes.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA

Ao invés da CORTE se mobilizar para solucionar as desordens nas áreas pública, jurídica e judiciária que vem assolando o povo brasileiro, a preocupação é elevar cada vez mais seus próprios salários, atingindo níveis exorbitentes que reduzem o orçamento para melhorar a estrutura e a capacidade dos serviços que deveriam prestar. Já é um abuso a distancia de salários que os Poderes Judiciário e Legislativo estão impondo em relação aos cargos do Executivo, violando flagrantemente dispositivo constitucional previsto no artigo 37 da carta de 1988 que impede salários a estes dois poderes (Judiciário e Legisaltivo) maiores que os pagos ao cargos do Poder Executivo. Tudo aos olhos impassíveis da sociedade e de quem tem a obrigação e o dever legal de defender a constituição e fiscalizar atos ilegais das autoridades públicas. A própria emenda ao inciso XII do artigo 37 que estabeleceu o subsídio já é uma ilegalidade, por contraditar com o dispostivo no texto original. O que está ocorrendo é um jogo de interesses pessoais que estimula a independência dos Poderes para desprezar o princípio da igualdade que deveria harmonizar as relações entre eles. Esta desarmonia vem estimulando a desmotivação no Executivo, as divergências, o distanciamento, a desigualdade salarial entre cargos do mesmo nível, a criação de classes de nobres e servos dentro do governo, a negligência na prestação de serviços, a marginalização dos servidores do Executivo, a demanda para cargos mais "atraentes" do Judiciário e Legislativo, o custo pessoal no orçamento do Poder Judiciário que o incapacita no atendimento da demanda por justiça, e outras mazelas, sem falar nos privilégios cada vez maiores para estes dois poderes. Enquanto isto, o Executivo que é o poder que deve transformar a lei em ato concreto, coletivo e individual, não consegue atender a demanda salarial para seus servidores e nem se igualar aos outros poderes.

Ou estou errado????

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