ZERO HORA 29 de fevereiro de 2016 | N° 18460
EDITORIAIS
A constatação de loteamento político numa agência ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) evidencia o empreguismo como moeda de pagamento para serviços eleitorais. Militantes do Partido dos Trabalhadores, entre os quais um ex-coordenador do programa de governo da presidente Dilma na campanha da reeleição, desfrutam de postos importantes e salários generosos no órgão. Alguns optaram por deixar cargos comissionados no governo para assumir funções que lhes garantem salários turbinados e diárias elevadas em viagens internacionais. E tudo isso sem se submeterem aos rigores da transparência exigida da administração pública federal.
O salário do presidente da ABDI é de R$ 39,3 mil, superior ao da própria presidente da República, que acaba de ser reduzido de R$ 30,9 mil para R$ 27,8 mil. Seus assessores diretos, incluindo o chefe de gabinete, têm salários entre R$ 19,4 mil e R$ 25,9 mil – e todos ostentam o direito de viajar em classe executiva, com diárias que chegam a US$ 700 no continente americano e a 700 euros fora da América. São valores superiores às diárias pagas aos ministros do governo.
A mordomia até poderia ser justificada se a ABDI, que se define como um serviço social autônomo de natureza privada, não recebesse verbas públicas. Mas recebe: todos os projetos finalísticos são financiados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Se o aparelhamento político é inevitável, o mínimo que se espera de um órgão como esse é que preste contas dos recursos públicos com a máxima transparência.
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