VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

POR QUE OS POLÍTICOS SÃO RUINS



ZERO HORA 04 de dezembro de 2015 | N° 18375



DAVID COIMBRA


Descobri que os políticos brasileiros são ruins.

Não, isso não é uma ironia. E, não sendo, acrescento: não, isso não é uma obviedade.

Porque eu não acreditava nisso. Sempre tive fé na funcionalidade da democracia: os políticos representavam a sociedade que os elegeu. No parlamento, havia tantos ladrões, honestos, bem-intencionados e mal-intencionados quantos houvesse na comunidade de eleitores.

Só que essa mecânica não funciona mais. Rompeu-se. Estragou. Hoje, a sociedade brasileira, com todos os seus defeitos, é melhor do que os políticos que a representam. Ainda há os interessados e confiáveis, claro, mas esses ficam imobilizados pela imensa onda de mediocridade, que cresce a cada eleição.

Esse desequilíbrio se deu por um motivo singelo: os bons estão se afastando da política.

Quem são os bons?

Os competentes, os bem-sucedidos, os homens e as mulheres reconhecidos como lideranças positivas na sociedade. Essas pessoas não querem mais saber da política.

Natural que não queiram. Hoje, no Brasil, o político, a priori, é visto com desconfiança. Se ele é político, é porque tem “interesses”. Ou “defende interesses”. Nenhuma categoria é tão cobrada, vigiada e fiscalizada quanto a dos políticos. Qualquer deslize de um político acaba, quase que de imediato, “nas redes”, quando não nas manchetes.

Por que um profissional que se dá bem na sua atividade a abandonaria para se dedicar à política? Por ideologia? Qual ideologia? De que partido brasileiro? Ele conseguirá fazer algo de positivo? Ele terá poder ou apoio? Ou será boicotado pelos maus?

Assim, a sociedade brasileira está mal representada não apenas por causa de algumas de suas escolhas equivocadas, mas também porque as alternativas eram ruins. Quando o cardápio é fraco, pouco importa o quanto você irá ponderar na hora de pedir o prato.

Hoje, a situação é a seguinte: o presidente da Câmara, soterrado por denúncias de corrupção, aceita o pedido de impeachment de uma presidente da República que mentiu em meio ao seu mandato, fato admitido publicamente por seu padrinho político, que é suspeita de ter usado dinheiro ilícito em sua campanha e que é acusada de improbidade administrativa. E parece que temos de escolher entre um e outro.

Mas, não. Não! Não quero Dilma, nem Cunha, não quero Lula, nem Alckmin, não quero Aécio ou Collor ou Renan. Não quero nenhum desses caras. Nenhum.

O PT, de longe o mais orgânico e organizado dos partidos brasileiros, o PT sabe disso. Então, na hora de se defender, ou de defender o governo, os petistas não se defendem, nem defendem o governo. Eles apenas apontam para a oposição e dizem:

– É isso o que você quer no meu lugar?

Repare que nenhum defensor do governo diz:

– O governo é ótimo, nunca houve corrupção nos governos do PT. Dilma é uma estadista.

Não. O defensor diz:

– E os erros do PSDB? Por que não são apontados? E a corrupção dos tucanos? Por que não é investigada?

Ou então:

– Ah, você não quer a Dilma, o Delcídio e o Lula. Você prefere o Bolsonaro, o Cunha e o Feliciano. Você quer o impeachment? Fique com o Temer.

Aí você fica desesperado. Pensa que, de certa maneira, eles têm razão. E têm mesmo. As nossas escolhas, hoje, são entre o ruim e o péssimo. E continuará assim. Até que os bons resolvam que chegou a sua vez.

Nenhum comentário: