ZERO HORA 04 de abril de 2013 | N° 17392
ARTIGOS
João Roberto A. Neves*
Dependendo do viajante, as viagens podem servir a diversas finalidades. Que digam os marinheiros, os quais teriam um intelecto diferenciado só por viajarem, dado desprezível em países onde cai como uma luva certo provérbio medieval, encontrável na obra de Salisbury, de que um rei iletrado é um asno coroado. O gosto por viagens geralmente passa do criador à criatura, especialmente em nações onde as viagens dos governantes não trazem nenhum resultado prático para o país. E o desperdício custa caro!
Com efeito, a recente viagem da presidente Dilma Rousseff para a missa inaugural do papa Francisco corrobora a assertiva supra. Somente com diárias da comitiva presidencial, no luxuoso hotel em que a presidente ficou hospedada em Roma, o contribuinte pagou 125,9 mil euros, importância essa presumivelmente desprezível para a presidente, que, diga-se en passant, não sabe quanto custa o pão de cada dia, porém tem ciência dos dividendos eleitorais dessa excursão inócua para os interesses do país. A atual presidente parece ter herdado o gosto por viagens turísticas do “presidente adjunto” Lula, que recentemente fez uma excursão, patrocinada por certas grandes empreiteiras, a países africanos que firmaram grandes contratos com essas empresas na era do criador precitado. Essas empreiteiras, além de bancarem a hospedagem e transporte, pagam por cada palestra do ex-presidente a quantia estimada pelo mercado em cerca de R$ 200 mil, importância irrisória para quem doou para a campanha da atual presidente verdadeiros prêmios de loteria. Só uma delas fez uma doação de R$ 15,7 milhões.
Às plateias africanas, Lula falou como a experiência do Brasil no combate à pobreza ajudou a desenvolver a economia e da relação Brasil-África. Interessante é que Botsuana, um país insignificante da África, está à frente da terra brasilis em ranking sobre países mais democráticos do mundo, segundo o estudo recentemente divulgado pelo Economist Intelligence Unit, vinculado à revista The Economist. O ranking é preparado a partir de 60 indicadores que são agrupados em categorias como processo eleitoral, cultura política, funcionamento do governo e liberdades civis. Nos primeiros colocados da lista estão Noruega, Suécia e Dinamarca, além da Islândia, países esses onde seus governantes, discretos, arredios a viagens e à busca de notoriedade, só governam.
*ADVOGADO
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