ZERO HORA 06 de setembro de 2015 | N° 18286
EDITORIAL
O cenário de insegurança desafia governantes e cidadãos, para que o país saia da crise melhor do que entrou.
Já não há mais dúvida de que os brasileiros estão desafiados a enfrentar uma crise econômica prolongada, representada pela recessão, pela volta da inflação alta, pelo aumento do desemprego e pelos conflitos sociais decorrentes da deterioração dos serviços básicos. Os indicadores econômicos expõem uma realidade da qual ninguém, do setor público aos cidadãos, passando por todas as atividades produtivas, estará imune. Instabilidades políticas potencializam uma crise que o governo subestimou, durante pelo menos meio ano do segundo mandato, o que contribuiu para o agravamento de um cenário de paralisia de investimentos e de desconfiança generalizada com os próximos atos do Executivo.
O Brasil, e não só o governo federal, defronta-se com o que não mais pode ser negado. Austeridade deixa de ser um jargão depreciado pelos próprios governantes para se transformar em necessidade real, a começar pelos municípios brasileiros. Comunidades que durante décadas adiaram soluções administrativas, imitando o que há de pior do governo central, terão de se submeter ao arrocho e racionalizar seus orçamentos. Há dados concretos sobre o descontrole dos municípios, no contexto de uma crise que é também de gestão do setor público. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), concluído neste ano, oito de cada 10 prefeituras estão em situação fiscal crítica ou difícil e 15% não cumprem a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A grande maioria tem deficiências graves de gestão, e o retrato das dificuldades é o mesmo enfrentado pelos Estados. Mas a crise apenas denuncia insuficiências que vinham sendo encobertas por um longo período de prosperidade. União, Estados, municípios, instituições e também as famílias brasileiras são desafiados a adequar demandas, projetos e custos mais elementares do orçamento cotidiano a um ambiente de incertezas. Infelizmente, planos de investimentos terão de ser adiados e despesas correntes, cotidianas, serão cada vez mais adequadas a essa realidade.
É uma situação até então desconhecida pelas novas gerações, inclusive a que já ingressou ou tenta ingressar no mercado de trabalho. Revertem-se expectativas imediatas e frustram-se sonhos de médio e longo prazos dos que almejavam melhorias importantes na qualidade de vida também desses jovens. O que já se sabe, pelas experiências anteriores, é que todos receberão lições da recessão, e que o cidadão oferecerá sempre os melhores aprendizados. Sem resignação, espera-se que o país saia da crise melhor do que entrou.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O problema é que todos os propósitos de "austeridade" atingem somente os servidores do Executivo, justamente aqueles que prestam serviços básicos à população e precisam de grande número de pessoas e capacidade técnica e estrutural para atender a demanda. Nunca esta "AUSTERIDADE" se volta para os altos cargos dos poderes, para os partidos e para os militantes que trabalharam na eleição do poder político. O resultado sempre se limita ao sacrifício dos direitos do povo, mantendo os privilégios da cortes política e judicial numa máquina inchada, perdulária, oligárquica e inoperante.
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