ZERO HORA 08 de setembro de 2015 | N° 18288
LUÍS AUGUSTO FISCHER
A coisa anda tão, mas tão confusa, na vida cotidiana dos gaúchos e dos brasileiros, que parece não haver um ponto a partir do qual reorganizar a vida. Já começam a aparecer fantasias redentoras, como o separatismo, pelo que vi esses dias no Facebook. Espero que não ganhe força outra fantasia, aquela de tomar a justiça nas próprias mãos.
Mas a ausência de Estado, de organização pública, a confusão geral como estamos enfrentando – governantes que fazem muito diferente do que prometeram, chegando ao parcelamento de salário quando havia recursos, deputados e juízes que aceitam vantagens descabidas, como o vergonhoso auxílio-moradia para quem tem casa própria, mais a corrupção por toda parte –, vai empurrando a gente contra uma parede imaginária. Até que falta o fôlego e o cara se vê na contingência de escolher: continuar respirando ou morrer asfixiado?
O senhor e eu, localizados aqui na classe média mais ou menos confortável, com sorte ainda não estamos com as costas na parede, temos algum recuo. Os de cima sempre têm rota de escape, nem falemos deles – e a elite brasileira, ao que parece mais do que outras, costuma ter endereços e fundos fora do Brasil, para quando necessário. Mas os de baixo, meu caro leitor, meu precioso leitor...
Com meu eterno otimismo, fico tentando achar um ponto, um chão firme para botar o pé e começar, timidamente que seja, a reorganizar a vida. Um ponto, um consenso. Tem? Seria qual esse começo? Os juízes declararem que não vão mais receber o auxílio-moradia quando tenham casa própria? Os deputados estaduais voltarem atrás naquele arranjo da aposentadoria especial, reinventada ano passado? A presidente encontrar um mínimo equilíbrio na articulação entre política e economia? O governador se dignar a responder a sério alguma pergunta de qualquer repórter?
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