VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

QUE TAL O PARLAMENTARISMO?



ZERO HORA 25 de abril de 2016 | N° 18508


LÉO GERCHMANN*



Aqui escreve um assumido “isentão” neste país em que todos são algo. Então tá. Já que todos têm a sua, essa é a minha etiqueta, forjada por certa vocação pessoal temperada fortemente pela formação profissional. Mas nós, os “isentões”, temos posição firme, ao contrário do que interpretações apressadas podem concluir: queremos ver nosso país com regras respeitadas, instituições preservadas e imagem digna aos olhos do mundo. E, bem, como em momentos confusos o óbvio precisa ser dito, vou apelar a um truísmo do qual talvez você nem se dê mais conta, cego que está em seus confrontos cotidianos. E qual é? É a essência da ideologia. Trata-se, simplesmente, de diferentes caminhos pelos quais as pessoas imaginam chegar a um mundo melhor. Tirando fascistas, nazistas e outras biscas e tendo sempre em mente que “inclusão” e “solidariedade” são palavras que precisam estar no horizonte da lombada íngreme do crescimento, devemos respeitar os caminhos adotados por cada um, até porque todas as pessoas sãs querem o mesmo destino – o tal mundo melhor. Mais ou menos Estado? Às vezes, é questão de dosagem. E os caminhos não necessariamente seguem de forma paralela. Por vezes, cruzam-se sem qualquer derrapagem. Talvez haja problemas só com os atalhos, que costumam surgir à traição.

Pois bem. Este “isentão” que vos escreve passou por uma conversão e a confessará. Depois de ter votado no presidencialismo 23 anos atrás, convenceu-se do contrário. É, agora, um parlamentarista. Você dirá: no Brasil não daria certo, mudaria o governo a todo instante, já houve duas experiências. Respondo: os gabinetes teriam de se habituar a formar governos consistentes, fazendo do Executivo a representação mais fiel deste vasto país. Acho até que o parlamento se veria impelido a melhorar o baixo nível atual. Ah, sim, e houve duas expe- riências. Numa delas, o rei tinha o “poder moderador”, uma tremenda jabuticaba. Noutra, era uma rasteira no Jango. Agora não. Construiríamos uma estrutura pensada, debatida. Esta é a oportunidade. Em pleno presidencialismo, a governante está sendo afastada em julgamento político, como nos parlamentarismos. Já que a Câmara enveredou por esse caminho, que deve seguir no Senado, por que não aproveitamos a ocasião? Se fôssemos República parlamentar, a troca de gabinete seria natural e indolor. No presidencialismo, situações assim provocam traumas. Estamos traumatizados por erros, oportunismos e vilanias. Saibamos corrigir a rota com a civilidade da boa política. O parlamentarismo nos permitiria tomar esse rumo.

*Jornalista, repórter de ZH

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