VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Última Flor do Lácio e os Espertalhões encobertos


Última Flor do Lácio, por Décio Antônio Damin, Médico - Zero Hora, 01/10/2010

A precisão da escrita e a beleza da língua portuguesa têm sido constantemente agredidas pelo desejo de simplificá-la tornando-a (sic) acessível aos iletrados, suprimindo crase, trema etc. Em vez de tentarem, pela educação, elevar o povo à altura da língua, procuram, os simplificadores, baixando o nível, percorrer o caminho inverso, ou seja, levar a língua até o nível dele. A discussão que se estabeleceu em torno da aplicabilidade da chamada “Lei da Ficha Limpa” é um exemplo da pouca importância dada a ela. É difícil admitir que a redação, alterando o tempo verbal, acreditou-se, não iria alterar o início da sua vigência que seria imediata, porquanto representava a “vontade do povo”. Espertamente, não por ignorância, o tempo verbal foi alterado com esta explicação pueril que faz com que pensemos que os parlamentares nos julgam débeis mentais sujeitos aos seus caprichos.

Na Arte de Escrever, Schopenhauer mostra a riqueza das línguas-mães como o grego e o latim e lamenta que os clássicos da literatura e da filosofia tenham que ser traduzidos, e por vezes escritos, em línguas vulgares, como, por exemplo, o alemão e o francês. Fugindo das nossas raízes latinas, vamos incorporando ao português termos estrangeiros que acabam por se tornar palavras aceitas oficialmente. A retirada do estudo do latim, em minha opinião, fez-nos perder muito em motivação para sabermos como são formadas e de onde provêm as palavras. Os tempos parecem ser outros e em que o pragmatismo e o imediatismo substituem quaisquer valores que seriam considerados fundamentais pelos eruditos e estudiosos. A língua escrita é muito mais bela que a falada e tem termos precisos para dizer o que pretende. Ela faz a diferença entre o iletrado e o estudioso. Falar, enfim, mesmo os analfabetos conseguem e se fazem, com maior ou menor dificuldade, entender. Estava claro que o tempo verbal da citada lei seria questionado, pois estava escrito, e era contrário ao desejo do povo e, fundamentalmente, dos eleitores que a motivaram com milhões de assinaturas.

O Senado, mesmo sabendo, se prestou à farsa que possibilita a discussão. Disseram ser apenas um tempo verbal e que não modificaria o objetivo da lei. Não era assim, e fomos, mais uma vez, enganados pelos espertalhões encobertos. Toda esta imprecisão de um tempo verbal é motivo de intensa discussão e divergências (pasmem!) em 50% dos votos emitidos pelos ministros do Supremo Tribunal. A redação não condiz com as supostas intenções, e ponto final! Se quiserem parar de discutir e mistificar, devem alterar o tempo verbal e parar de agredir impiedosamente a “Última Flor do Lácio”!

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