ZERO HORA 02 de outubro de 2015 | N° 18312
MOISÉS MENDES
Participo de reuniões semanais, sem pauta definida, com dois colegas da Zero, o Leandro Fontoura e o Luiz Antônio Araujo. Tentamos avaliar a conjuntura com isenção e distanciamento. Na quarta-feira, tratamos de negócios que podem dar dinheiro em um ambiente de incertezas. Não falamos de pouco, mas de bastante dinheiro.
Uma hipótese considerada: reunir as 500 mil assinaturas exigidas pela Justiça Eleitoral e fundar um partido. Outra ideia: não reunir nenhuma assinatura, mas algumas pessoas de fé, e criar uma igreja.
Mais uma: reunir dois ou três colegas e criar uma startup, essas empresas pequenas, inovadoras, atrevidas, com perspectiva de sucesso meteórico, mas que geralmente quebram em um mês.
Para criar a empresa, é preciso ter uma boa ideia. Todas as surgidas na mesa já foram desenvolvidas, algumas há mais de 50 anos. Consideramos então o mercado potencial para uma nova igreja.
Igrejas também são empresas, algumas com bancos, e muitas delas nem consideram o diabo, o pecado e a indulgência como elementos essenciais. Levam em conta o dízimo.
Agora mesmo, por trás da aprovação do chamado Estatuto da Família, que discrimina casais gays, há pretextos saídos de biombos de igrejas que abrigam o que há de pior no inferno e na política.
Algumas igrejas não precisam lidar com dogmas religiosos, mas com questões de costumes. Pregadores eclesiásticos se dedicam à homofobia para manter seus rebanhos em alerta. O diabo sabe bem quem são eles.
Mas uma igreja gerida como negócio exige estudo e dedicação aos fiéis, além do incômodo de lidar com a inadimplência. Por isso, a grande ideia do momento não está na fé, mas na criação de um partido. O Brasil já tem 35, o mais recente é o Partido da Mulher Brasileira.
Um partido nasce com mercado. A primeira providência é oferecer apoio ao governo e negociar cargos e tempo na propaganda da TV. Eles receberão neste ano R$ 868 milhões do fundo partidário, bancado pelo povo.
Criar um partido (de direita, claro) é melhor do que apostar na bolsa (no fajuto capitalismo brasileiro, sabe-se agora que a bolsa desandou e não ressuscita porque era sustentada, ora vejam, pela Petrobras).
Concluímos então que o grande negócio é a política. Desde que mantidas as doações das empresas às campanhas. OBrasil ainda terá 200 partidos. E muita gente sentirá saudade do Eduardo Cunha e do Renan Calheiros.
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