VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

UMA VERGONHA



ZERO HORA 06 de outubro de 2015 | N° 18316


DIONE KUHN*



O que faz um presidente da Câmara atolado em denúncias continuar circulando com desenvoltura entre seus pares sem ser importunado, tomando decisões como se fosse o presidente da República?

Eduardo Cunha mentiu ao dizer que não tinha conta secreta na Suíça. O Ministério Público daquele país confirmou a informação surgida a partir de depoimento à Polícia Federal do empresário João Henriques, lobista ligado ao PMDB. Foram descobertas não uma, mas quatro contas, todas atribuídas ao deputado, que totalizam US$ 5 milhões.

Se Cunha mentiu, significa que ele quebrou o decoro parlamentar. E, se quebrou o decoro, só há um caminho: abrir um processo de cassação de seu mandato. Mas até agora ninguém fez isso, por duas simples razões.

Para o esfacelado e desacreditado PT, é melhor não incomodar Cunha, por mais comprometido que esteja, do que cutucar a fera, pois é ele quem ainda tem a caneta da mão. Em questão de segundos, pode dar prosseguimento a um processo de impeachment contra Dilma Rousseff.

Por sua vez, a oposição, liderada pelo PSDB, que brada pelo fim da corrupção no governo petista, está silenciosa, pois sabe que, se derrubar Cunha, a chance de prosperar o impeachment de Dilma diminui.

Que o PT virou refém de Cunha e já perdeu faz tempo a coerência, ninguém mais tem dúvida. Agora, o PSDB, que tenta virar a página da crise política se colocando como uma alternativa concreta de poder, calar-se diante da impunidade é dar a certeza ao eleitor de que o seu discurso contra a corrupção só vale para derrubar Dilma e para atender aos seus próprios interesses.

Se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em seu livro Diários da Presidência – que será lançado ainda neste mês –, revela que em 1996 recusou a indicação de Cunha para ocupar uma diretoria na Petrobras porque já sabia de quem se tratava, qual a justificativa para os parlamentares tucanos permanecerem calados neste momento em que as evidências são infinitamente maiores?



*Editora de Notícias dione.kuhn@zerohora.com.br

Nenhum comentário: