INFORME ECONÔMICO | MARIA ISABEL HAMMES
Embora muita gente até torça o nariz e dê um apelido jocoso ao programa Minha Casa, Minha Vida (chamado por alguns de Minha Casa, Minha Dívida), há várias certezas sobre a iniciativa do governo federal. Por mais que se questione o andamento das obras, insuficientes para cobrir o déficit habitacional do país, e a qualidade de alguns projetos, não existe a menor dúvida do que representa para os beneficiados, já que todos sabem qual é o maior sonho do brasileiro: uma casa para morar, um lugar para chamar de seu.
Entre os milhares de integrantes do programa – o governo fala já ter entregue 1,6 milhão de imóveis, há casos que parecem ser emoção pura. Ou melhor dizendo, ‘pagamento’ de uma dívida de uma vida inteira a cidadãos brasileiros, como uma senhora que, ao receber as chaves, apenas disse:
– Eu estou fazendo 78 anos e é a minha primeira casa.
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Precisava dizer mais? Não mesmo, até porque nada traduziria a emoção que ela estava sentindo naquele momento. Emoção que é direito de todos, de todos passarem por este momento, pois já pagamos bem pelo benefício de alcançarmos um teto para morar. A casa que ela entrava, pela primeira vez, foi bancada com dinheiro dos impostos que cada um de nós paga todos os dias.
Ou seja, como bem lembrou a presidente Dilma Rousseff ao entregar novas casas do programa em São Paulo, “(a casa) é de vocês, vocês não devem nada a ninguém, nem à Caixa Econômica, nem ao prefeito, nem ao governo do Estado e também não devem ao governo federal”.
Quase às vésperas de uma campanha eleitoral que promete ser acirrada, seria muito bom que políticos não viessem tirar uma “casquinha” do imóvel conquistado por cada um desses brasileiros. Algo como “cobrar” o voto pelas chaves recebidas. De cabeça erguida, esses brasileiros sabem que não devem a ninguém: a casa foi conquistada pelo trabalho diário de todos eles. Não é benefício, mas, sim, direito.
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