ZERO HORA 19 de abril de 2014 | N° 17768
EDITORIAL
O protesto dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contra a suspensão de uma pesquisa por interferência política reforça a necessidade de desaparelhamento dos institutos oficiais e de outros órgãos públicos. Assim como a Petrobras precisa ser preservada do descrédito causado pela má gestão, também institutos oficiais de pesquisa, como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o IBGE, devem ser colocados acima de eventuais erros de seus colaboradores e, principalmente, das influências políticas indevidas.
O erro do Ipea na pesquisa sobre machismo foi grave mas circunstancial e não compromete a seriedade da instituição. Já a mudança de critérios no IBGE, que provocou a demissão de uma diretora e revolta de um grupo de técnicos, merece investigação e atenção maior dos brasileiros, pois o episódio revela uma perigosa tentativa de politização do instituto, para satisfazer interesses eleitorais.
Embora envolvam o risco de manipulação de números vitais para o país, decisivos para a formulação de políticas públicas, os dois casos têm características distintas. O IBGE, há oito décadas abastecendo o país de informações isentas, resistiu até agora às continuadas tentativas de interferência em sua atuação, em diferentes governos. O Ipea, que se vale de dados coletados pelo IBGE, sempre se mostrou mais sujeito a ingerências de ordem política. A consequência mais visível foi o fato de o seu maior abalo ter se originado numa pesquisa de opinião pública, que está longe de se constituir no foco de sua atividade.
Em qualquer caso, o Brasil precisa ter o máximo de cuidado para preservar suas instituições voltadas para a pesquisa e a estatística, até mesmo para evitar problemas de falta de credibilidade nesta área como os registrados hoje na Argentina. A única forma de garantir essa isenção é permitir que possam se pautar sempre por critérios essencialmente técnicos.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O Brasil ainda não conseguiu se livrar do totalitarismo da ditadura que patrocina os poderes, mantém o povo a cabresto, manipula as informações e gerencia a justiça e a segurança. O resultado é um povo alienado pagando altos tributos e recebendo serviços precários.
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