VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 28 de janeiro de 2012

ENFRENTANDO O FISIOLOGISMO


EDITORIAL ZERO HORA 28/01/2012

Foi emblemática para as relações entre o governo e os partidos aliados a demissão do diretor-geral do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), Elias Fernandes Neto, acusado pela Controladoria-Geral da União de desvio de recursos em obra não licitada. O afastamento do servidor ocorreu por decisão expressa da presidente Dilma Rousseff, contrariada com uma declaração do líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves, que ameaçou explicitamente o governo para proteger seu afilhado da pecha de corrupto.

“O governo vai brigar com metade da República, com o maior partido do Brasil? Que tem o vice-presidente da República, 80 deputados, 20 senadores? Vai brigar por causa disso? Por que faria isso?”, questionou de forma irônica Alves, responsável pela indicação do exonerado. O deputado também cobrou reciprocidade, sugerindo que a presidente deveria agir em relação a seu afilhado da mesma forma como agiu com ministros que, mesmo sob suspeita, foram mantidos nos cargos.

Os argumentos são absurdos e reveladores de uma das piores mazelas da política nacional, que é a apropriação indébita do Estado. Partidos com pouca ou nenhuma identidade ideológica com quem está no poder passam a fazer parte da base de apoio para obter cargos e favorecimentos. E o governo – todos os governos, não apenas o atual – acaba se tornando refém deste esquema, vendo-se constrangido a promover um loteamento de ministérios e postos importantes nas empresas estatais. Nesse círculo vicioso, costumam entrar também a ineficiência e a corrupção, pois a nomeação de apadrinhados políticos para cargos que deveriam ser ocupados por técnicos acaba resultando em mau serviço para o contribuinte e se constitui em porta aberta para deformações de toda ordem.

Ao apressar a saída do diretor do Departamento Nacional de Obras contra as Secas, a chefe da nação manda um recado claro não apenas ao PMDB, mas também aos demais partidos que integram a base governista, de que não vai mais aturar chantagens. Já era tempo. Embora tenha marcado o primeiro ano de sua administração pelo afastamento de sete ministros, seis deles por suspeitas de irregularidades, faltou-lhe iniciativa para antecipar-se à imprensa e interromper as malfeitorias antes mesmo que viessem a público.

Este talvez seja um aperfeiçoamento ético que o governo Dilma Rousseff ainda está devendo ao país. Mas este corte abrupto no fisiologismo do maior partido da base aliada, mesmo diante de ameaças de retaliação, tende a servir de advertência às demais agremiações partidárias. Evidentemente, não se pode esperar que o governo aja de forma irresponsável e compre briga com seus apoiadores, comprometendo a governabilidade. Mas é desejável que esse episódio do Dnocs se transforme num marco de transparência nas relações entre o governo e seus aliados.

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