ZERO HORA 04 de junho de 2015 | N° 18183
EDITORIAIS
Foi radicalizada a tentativa de lideranças do Congresso de fragilizar o governo e impor pautas contrárias às posições do Executivo, em ações que fazem prevalecer muito mais o desejo de retaliação do que os interesses do país. A estratégia de fustigar o Planalto aliou os presidentes da Câmara e do Senado à oposição, no agendamento de uma série de projetos que promovem redistribuição de recursos, funções e tarefas da União, dos Estados e dos municípios. Entre as medidas, está a tentativa de delegar ao Congresso, por meio de sabatina, a aprovação dos presidentes e diretores de estatais, hoje prerrogativa exclusiva do Executivo.
Até seria saudável depurar tais nomeações e torná-las mais democráticas e menos suscetíveis a interesses políticos, mas não será o Congresso, com a atual composição e com as atuais lideranças, que poderá moralizar a estrutura administrativa. Também a tentativa de democratizar a distribuição de recursos, assegurando uma hipotética autonomia financeira a municípios e Estados, é apenas uma manobra para enfraquecer a centralização de receitas pelo governo federal e afrontar quem está no poder.
Os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, não estão habilitados a missões que exijam ética e transparência. Além de estarem sob investigação, por suposto envolvimento em corrupção, ambos cometem gestos desabonadores em profusão, como as viagens que lideram a Israel e à Rússia, com grandes comitivas, sem justificativa. As excursões, com acompanhantes, são uma ironia com o discurso pretensamente republicano que os dois políticos pregam no parlamento, com o único objetivo de medir forças com um governo enfraquecido e do qual até bem pouco eram aliados.
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