ZERO HORA 13 de janeiro de 2016 | N° 18413
EDITORIAL
A crise política amplia um dos piores defeitos dos chamados governos de coalizão, que abrigam políticos e partidos sem nenhuma coerência programática e sem compromissos com a ética. Um exemplo é o que acontece agora com as tentativas do Palácio do Planalto de afastar o risco de dissidências de apoiadores. A tática é a distribuição de cargos e favores que contemplem os esforços para conter o ímpeto de eventuais defensores do impeachment. O caso mais recente e emblemático dessa troca de favores é o que envolve o oferecimento de um ministério à bancada mineira do PMDB, com a intenção de fazer com que o partido mantenha em sua liderança o deputado Leonardo Picciani, aliado do Planalto.
Também se noticia, a partir de informações dos próprios envolvidos, que o Executivo vem mapeando os cargos do primeiro ao terceiro escalão, para saber quem são seus ocupantes e se de fato têm compromisso com a defesa do governo. Quem não se adequar às demandas e às expectativas governistas poderá ser expurgado, para que políticos fiéis ocupem seus lugares. Repete-se o que o setor público tem de pior e que se manifesta com maior intensidade em momentos de tensão, como o que o país vive atualmente.
Fecha-se o cerco em torno de padrinhos e afilhados, para que, depois do fim do recesso, o governo esteja fortalecido para enfrentar a ameaça de afastamento da presidente da República. São as mesmas práticas flagradas pela Operação Lava-Jato. Muitos dos responsáveis por desmandos na Petrobras, alguns transformados em delatores, ascenderam a cargos elevados por conta da insistência dos governantes em ignorar princípios como o da impessoa- lidade na admissão por concurso e o de mérito nas promoções. O resultado é sempre uma conta elevada para os brasileiros. A Petrobras é o exemplo mais visível de deformações que o clima criado pelo impeachment apenas ressuscita com outros personagens.
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