ZERO HORA 22 de janeiro de 2016 | N° 18422
EDITORIAL
Dificuldades do governo em lidar com questões como a recessão e a ameaça de impeachment já repercutem em avaliações internacionais sobre a situação do país: uma delas é a queda da 44ª para a 51ª posição num ranking de países mais democráticos do mundo, realizado pela Economist Intelligence Unit, ligada à publicação The Economist. O Brasil é destaque no relatório por conta dos esforços realizados para combater a corrupção. Ainda assim, teve sua nota rebaixada de 7,38 em 2014 para 6,96 no ano passado. O argumento dos responsáveis pelo estudo é de que o país não consegue fazer com que os avanços democráticos se traduzam em qualificação da própria democracia.
O descompasso de fato existe, ou conquistas reconhecidas internacionalmente, como a capacidade de realizar eleições com urnas eletrônicas em todo o território, não estariam em desacordo com uma série de atrasos. O consolo é que o país tem realizado esforços para combater a corrupção e outros delitos na atividade pública. Como advertem os organizadores do estudo, é preciso tentar igualar “avanços extraordinários na democracia eleitoral” com a efetividade da política e da cultura política, ou o país será um bom realizador de pleitos, sem que isso repercuta no aperfeiçoamento das formas de representação e na vida de seus cidadãos.
É falsa, no entanto, a expectativa dos que almejam uma democracia sem imperfeições. Tal ideal não existe, na prática, nem mesmo nos mais avançados países democráticos do mundo. Mas é preciso ficar alerta para a classificação do Brasil como uma “democracia com falhas”, exatamente porque, apesar do pluralismo, o país tem avaliação baixa em participação política. Como lembra o estudo, democracias não sobrevivem apenas de suas formalidades institucionais, mas da ativa e permanente interação dos eleitores com seus representantes. O Brasil deve ainda pôr à prova, em meio a uma crise econômica e política, a capacidade de fortalecer, e não de questionar os valores da democracia.
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