EDITORIAIS
É evidente que a denúncia de favorecimento a um dos doadores da campanha do vice-presidente Michel Temer faz parte do jogo de desconstituir rivais políticos. Ameaçado pelo processo de impeachment, o governo e seus defensores estrategicamente colocados no aparelho estatal não param de gerar más notícias e suspeitas sobre aqueles que os ameaçam, especialmente o complicado presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o primeiro nome da sucessão, o vice Michel Temer. Isso não significa, porém, que essas raposas da política não tenham culpa em cartório.
A suspeita de uso de medida provisória para beneficiar um grupo econômico, doador da campanha eleitoral do vice, apenas evidencia as relações promíscuas entre os ocupantes do poder e grupos que se valem das famigeradas doações de campanha para garantir vantagens junto à administração pública. A troca de denúncias entre os que, dependendo do ponto de vista, são acusadores ou acusados tem pelo menos um aspecto positivo. Tornam-se públicas, além das táticas usadas contra os adversários, algumas informações que poderiam ficar protegidas por sigilo. O eleitor saberá julgar as posturas de uns e outros, num ambiente cada vez mais propício à guerra de desqualificação entre inimigos.
São atos de um recesso parlamentar que, pela amostragem disponível até agora, talvez venha a ser marcado pela belicosidade. As expectativas do país são outras. Seria bom para a política e para a economia que o período de descanso fosse aproveitado também para o estudo das grandes questões que o Congresso e o governo precisam enfrentar no início de 2016. O país torce ao mesmo tempo para que as instituições, em especial a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário, aperfeiçoem os esforços moralizadores que renderam bons resultados em 2015.
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