EDITORIAL ZERO HORA 05/02/2011
No primeiro dia de trabalho da nova legislatura na Câmara Federal, a imagem associada ao Legislativo foi humilhante para os parlamentares que levam a sério a missão de recuperar a reputação do Congresso. Eleito como uma das caras novas do parlamento, por conta de sua popularidade como ídolo do futebol, o deputado Romário de Souza Faria foi flagrado por fotógrafos, na quinta-feira, jogando futevôlei na praia da Barra da Tijuca, no Rio. Foi uma péssima largada para alguém que, como celebridade, deveria passar a ser visto, agora na condição de político, como referência de conduta, em respeito aos que o elegeram e ao próprio Congresso.
Enquanto o deputado do PSB se divertia na areia, a Câmara realizava sua primeira sessão depois da posse, com o agravante de que a presença de Romário havia sido registrada. Além de optar pelo lazer, quando deveria fazer sua estreia em plenário, o deputado burlou os controles internos da Casa, repetindo uma prática lamentavelmente consagrada pelos maus parlamentares. A atitude de Romário é nefasta para o início de uma legislatura e oferece mais argumentos aos que estigmatizam famosos dedicados à vida pública, mesmo que casos como esse sejam exceção. Não são poucos os políticos celebrizados pela exposição da imagem em outras atividades que exercem ou já exerceram funções executivas ou legislativas com dedicação e decência. O comportamento do deputado carioca deve, portanto, ser submetido à mesma avaliação de qualquer outro parlamentar, sem restrições ao seu currículo de ex-ídolo do futebol.
O flagrante na praia, com a fotografia divulgada por sites e blogs na internet, tem a força de uma caricatura para a prática comum a outras legislaturas, que incorporaram a semana de apenas três dias – de terça a quinta-feira – ao calendário do Congresso. Lamenta-se que a atitude condenável do deputado se sobreponha ao que é menos visível. Enquanto Romário e outros colegas se ausentavam de Brasília, muitos legisladores marcavam o primeiro dia de trabalho com a apresentação de 170 projetos de lei, uma emenda constitucional, cinco projetos de resolução e três projetos de lei complementar. É desses, dos que realizam alguma atividade produtiva, que o eleitor espera bom senso. É deles também a tarefa de exigir respeito à vida parlamentar, em especial dos estreantes que, nos primeiros dias no Congresso, são contagiados pelos pouco afeitos ao trabalho e ao decoro.
A jornada pela moralização da Câmara – e também do Senado – será penosa, pela herança histórica de eventos reprováveis e pela capacidade dos políticos de produzirem indícios e suspeitas contra suas próprias imagens. No mesmo dia em que o deputado do Rio era flagrado na praia, o site Congresso em Foco apurou, a partir de informações do Legislativo, que 18 deputados eleitos em outubro declararam à Justiça Eleitoral que não dispõem de um único bem. Como a maioria tem atividade definida ou já era político, é no mínimo estranho que a Casa tenha acolhido tantos franciscanos. Que tal condição não seja mais um deboche com os que continuam acreditando na relevância do Congresso como instituição a serviço do interesse público e da democracia.
A Sociedade organizada têm por dever exigir dos Poderes de Estado o foco da finalidade pública e a observância do interesse público na defesa dos direitos básicos e da qualidade da vida da população na construção de uma sociedade livre, justa e democrática. Para tanto, é necessário aprimorar as leis, cumprir os princípios administrativos, republicanos e democráticos, zelar pelas riquezas do país, garantir a ordem pública, fortalecer a justiça e consolidar a Paz Social no Brasil.
VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.
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