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sábado, 5 de março de 2016

DESABAFO E CRÍTICA




ZERO HORA 05 de março de 2016 | N° 18465


POLÍTICA + | Rosane de Oliveira





Com expressão tensa, ladeada pelos ministros José Eduardo Cardozo, Jaques Wagner e Tereza Campello, a presidente Dilma Rousseff fez o primeiro pronunciamento público sobre a 24ª fase da Operação Lava-Jato e a delação premiada do senador Delcídio Amaral na última sexta-feira.

Dilma começou repudiando o tratamento dispensado ao ex-presidente Lula:

– Em primeiro lugar, quero manifestar o meu mais absoluto inconformismo com o fato de o ex-presidente Lula, que por várias vezes compareceu de forma voluntária para prestar esclarecimentos perante as autoridades competentes, ser agora submetido a desnecessária condução coercitiva para prestar mais um outro depoimento.

Mais cedo, ela havia divulgado nota em termos semelhantes.

A maior parte do pronunciamento foi reservada à própria defesa diante do que chamou de “hipotética delação premiada” de Delcídio. Seguindo o mesmo roteiro usado no dia anterior pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, Dilma contestou as acusações feitas contra ela pelo senador, fixando-se em três pontos: a compra da refinaria de Pasadena, a suposta interferência na Operação Lava-Jato e uma tentativa de esvaziar a CPI dos Bingos.

Em um dos dias mais tensos de seus cinco anos de governo, Dilma tentou manter o mínimo de normalidade. Enquanto o ex-presidente Lula era ouvido na Polícia Federal, ela se reuniu com prefeitos de todo o país, e, depois, com governadores.

O prefeito José Fortunati conta que a reunião começou em clima tenso, com um desabafo da presidente em relação à condução coercitiva de Lula. Ela entregou um documento com sua defesa sobre o caso de Pasadena.

OLÍVIO, A VOZ QUE DESTOA NO PT

Enquanto os principais líderes do Partido dos Trabalhadores trataram a investigação do ex-presidente Lula como golpe e perseguição política, o ex-governador Olívio Dutra adotou o tom crítico que pauta suas manifestações desde a época do mensalão e declarou-se triste com o que está ocorrendo.

Com outras palavras, Olívio disse que o PT chocou o ovo da serpente ao adotar uma política de alianças que visava apenas ao poder e fazer o jogo dos partidos tradicionais. E sugeriu que Lula está pagando o preço de ter abrigado, sob seu guarda-chuva, pessoas que não tinham afinidade com o projeto político do PT:

– Lula tem amigos que o ajudam apenas esperando algum benefício em troca.

Lula e Olívio são velhos companheiros do movimento sindical e chegaram a dividir apartamento funcional em Brasília, à época da Constituinte.



INIMIGOS ÍNTIMOS

O que estes três senhores têm em comum? São homens que fizeram denúncias bombásticas contra políticos de quem eram muito próximos. No caso de Pedro Collor, a origem foi uma desavença familiar. Roberto Jefferson e Delcídio Amaral viraram inimigos na trincheira.

PEDRO COLLOR, 1992

Irmão mais novo do então presidente Fernando Collor, Pedro deu uma entrevista ao jornalista Luís Costa Pinto, da revista Veja, expondo os podres do governo. Escancarou as relações com o tesoureiro PC Farias, os achaques a empresários e até detalhes da intimidade da família. Com a denúncia, forneceu combustível à CPI que investigou as entranhas do governo Collor e entrou para a História como o responsável pela queda do irmão. Morreu em 1994, de câncer no cérebro.

ROBERTO JEFFERSON, 2005

Incomodado com o flagrante de pagamento de propina a um dos seus afilhados na direção dos Correios, deu uma entrevista à jornalista Renata Lo Prete, da Folha de S.Paulo, denunciando o pagamento de uma mesada, por parte do governo Lula, para comprar apoio dos aliados e batizou de “mensalão” o esquema comandado pelo ministro José Dirceu. Foi cassado na Câmara, condenado no julgamento no STF e hoje vive em prisão domiciliar e luta contra um câncer no pâncreas.

DELCÍDIO AMARAL, 2016

Ex-líder do governo no Senado, tinha trânsito livre nos palácios do Planalto e da Alvorada até ser preso, em novembro de 2015. Em um acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal e ainda não homologado pelo Supremo Tribunal Federal, acusou a presidente Dilma Rousseff de tentar interferir na Operação Lava-Jato para liberar empresários presos. Está em licença médica no Senado, mas não é por doença grave: apenas estresse pela temporada que passou na cadeia.



PRESIDENTE MANTÉM AGENDA

Os terremotos políticos que sacudiram o país na quinta e na sexta-feira não alteraram a agenda da presidente Dilma Rousseff em Caxias do Sul na próxima segunda-feira. No momento em que os policiais federais ainda faziam buscas no apartamento do ex-presidente Lula, o Palácio do Planalto distribuía as instruções para o credenciamento dos jornalistas que cobrirão a visita.

Dilma vai entregar 320 unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida em Caxias e participar da teleconferência de entrega de 976 em Sobral (CE), 400 em Jundiaí (SP) e 306 em Paracatu (MG).



JUÍZES REAGEM

As críticas do ex-presidente Lula, da presidente Dilma Rousseff e de dirigentes petistas ao trabalho da força-tarefa na 24ª fase da Operação Lava-Jato foram contestadas pela Associação dos Juízes Federais (Ajufe) e pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).

A Ajufe repudia o rótulo de “espetáculo midiático” e diz que a Justiça Federal, o MP, a Receita Federal e a Polícia Federal agiram dentro da legalidade. A AMB diz que a Justiça tem demonstrado eficiência e independência diante do alcance das investigações.

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