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terça-feira, 22 de março de 2016

DILMA E O JOGO DOS SETE ERROS



ZERO HORA 22 de março de 2016 | N° 18479


POLÍTICA + | Rosane de Oliveira



Ameaçada de perder o cargo em um processo de impeachment que há menos de dois meses o governo considerava liquidado, a presidente Dilma Rousseff busca, de forma errática, um caminho para salvar o mandato. Mesmo agora, diante do desastre iminente, os petistas se recusam a admitir os erros banais que empurraram Dilma para o precipício e buscam saídas fantasiosas, como a de procurar o vice-presidente Michel Temer.

De todos os erros, o principal foi achar que o ex-presidente Lula seria capaz de encantar os aliados, como no tempo em que tinha poder e benesses para distribuir. Deu no que deu.

Confira os sete principais erros de Dilma e de seus conselheiros, incluindo o marqueteiro João Santana, hoje preso em Curitiba:

1. Tentou ganhar a eleição a qualquer custo. Na campanha de 2014, Dilma vendeu uma mercadoria que, sabiam seus ministros, não tinha como entregar. A desconstrução de Marina Silva no primeiro turno queimou pontes com setores antes simpáticos ao PT e reforçou a polarização com o PSDB, resultando na vitória por uma margem tão estreita de votos, que partiu o país ao meio.

2. Não soube manejar a crise econômica. Dilma escolheu para a Fazenda um ministro que agradava ao mercado (Joaquim Levy), mas não deu autonomia a ele nem impediu que fosse fritado dia sim outro também pelos próceres do PT. A substituição de Levy por Nelson Barbosa não produziu qualquer efeito positivo. O PIB caiu em 2015 e segue ladeira abaixo neste ano.

3. Faltou autocrítica para reconhecer os erros na condução da política econômica no primeiro mandato. Ao atribuir os problemas à crise internacional, quando outros países vinham conseguindo se reerguer, só contribuiu para aumentar o descrédito.

4. Foi incapaz de perceber que não podia confiar no PMDB, muito menos desprezar a capacidade de articulação de Temer. Mesmo quando o PMDB divulgou o documento “Uma ponte para o futuro”, na prática um plano de governo pós-impeachment, o Planalto não percebeu que Temer preparava o desembarque. A carta do vice, que era um claro recado político, foi tratada com desdém.

5. Os governistas subestimaram o movimento das ruas, classificando a insatisfação expressa nos protestos como um movimento das classes média e alta. Em vez de buscar as raízes do descontentamento, preferiram culpar a mídia pelas manifestações.

6. A substituição do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por pressão do PT, só serviu para aumentar a crise. Primeiro, Dilma escolheu um ministro legalmente impedido de ocupar o cargo. Depois, um que ameaça fazer substituições na Polícia Federal, se sentir cheiro de vazamentos, mesmo sem provas. O ministro Eugênio Aragão passou a ideia de que quer melar a Lava-Jato.

7. A escolha de Lula para a Casa Civil, que o PT imaginava ser a saída para a crise, revelou-se um desastre, pela divulgação de gravações comprometedoras, incluindo as que indicavam ser uma tentativa de driblar a Justiça e garantir o foro privilegiado.

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