VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

CPMI PARA MELHORAR IMAGEM DO PARLAMENTO


JORNAL DO COMÉRCIO 12/05/2014


EDITORIAL 


Terminou, no Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento dos acusados do mensalão, com condenações. No entra e sai, mais privilégios na cadeia, os condenados vivem no noticiário. Simultaneamente, Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os problemas da Petrobras sairá. Da mesma forma, como quer a base governista, uma CPMI para investigar pagamento de propinas na compra de trens do metrô de São Paulo. Apesar da rebeldia de alguns parlamentares, coube ao STF a última palavra ou ele deixaria de ser o Supremo. No mensalão, foram tantas as evidências, que não houve como não condenar. O inolvidável Oswaldo de Lia Pires dizia que “não tenho medo de 50 provas, porque quem tem 50 não tem nenhuma consistente. Preocupa-me se houver apenas uma prova, pois, aí, ela será robusta e poderá condenar”.

Acreditamos na retidão e na isenção dos ministros do STF. O trabalho de julgar é longo e tem instâncias e recursos em demasia, sabemos, mas é a lei que assim determina. O direito à ampla defesa é sagrado. Não servem as folclóricas afirmações de “investigação rigorosa e punição exemplar”, uma vez que toda apuração tem que ser rigorosa. Da mesma forma, a punição está definida no texto da lei, nem mais, nem menos.

O Brasil tem ambiguidades, como um ministro de Tribunal de Contas ser apontado pela justiça de outro país como tendo recebido propina na compra de trens em de São Paulo e ainda assistido à Copa do Mundo de 1998 às expensas de um fabricante de vagões. Mas não vamos nos iludir, pois os poderes da República são compostos por gente como nós, com a nossa média de virtudes e defeitos.

Desta forma, é importante que nos preocupemos mais com a nossa consciência do que com a nossa reputação, porque a consciência é aquilo que realmente somos e a reputação é o que os outros pensam de nós. E o que os outros pensam sobre nós é problema deles. Ainda tem quem afirme que o mensalão foi uma invenção espúria para macular pessoas acima de qualquer suspeita, se é que elas existem, pois nós todos temos fraquezas. A diferença é lutar contra elas e se manter na mediana das pessoas honestas.

A opinião pública esteve em cima, a imprensa divulgou fatos incriminando parlamentares e suas ligações perigosas.Mas não podemos deixar que se confirme o que está no imaginário dos brasileiros, de que as CPMIs estão desmoralizadas. Não por elas em si, mas pelos resultados jamais alcançados.

Na sua instalação, discurso, boa vontade e palavras duras contra os desmandos que a motivaram. Com o passar dos dias, depoimentos insossos, ausências, negativas óbvias - no Brasil ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo - e, lentamente, o assunto é superado por novas pautas. Meses depois, poucas e lacônicas laudas com afirmações genéricas, nenhum culpado e encerra-se o ato que mais beirou ao burlesco do que à apuração das culpas, como prometido antes. Volta-se contra o Judiciário, a imprensa e a oposição pelo que está ocorrendo no submundo dos engravatados que desviam o erário de maneira sistemática ano após ano. O falecido Millôr Fernandes bradava: “Viva o Brasil, onde o ano inteiro é primeiro de abril”. Demonstrava sua descrença em certas atitudes políticas. Continua com razão?

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