Tiago Simon
Como se fosse conduzido exclusivamente pela lógica publicitária, o período eleitoral pode criar falsas esperanças na população. Não raro, grupos políticos apresentam-se como salvadores da Pátria, detentores de todas as qualidades. É comum a prática de imputar mazelas aos adversários e de creditar virtudes a si. E nesse faz de conta, induzem que a vitória do lado oposto representaria a destruição de tudo o que foi conquistado. Enquanto o jogo de cena toma conta das eleições, grandes projetos e debates sobre problemas reais ficam relegados ao segundo plano. E se mais valem discussões vazias e maquiadas, o resultado é o que se vê: campanhas movidas a dinheiro e marketing. Saem na frente candidatos influentes que detêm enormes recursos.
Ressalvados os valentes da resistência que ainda estão aí, o político eleito nesse sistema corre o risco de tornar-se refém de interesses quase intransponíveis. Mas, mesmo em um ambiente tão rarefeito ao cumprimento efetivo da representação do eleitor, temos exemplos de políticos que efetuam um valoroso trabalho. É neles – e também na hipótese de que outros com espírito público genuíno ingressem nessa esfera – a quem devemos confiar a responsabilidade de nos representar.
Talvez a maior de todas as ilusões seja acreditar que a mudança virá de algum partido ou projeto vencedor nas eleições deste ano. Não virá. O Estado e suas instituições são historicamente comprometidos com a manutenção do status quo. Acreditar que a iniciativa deva surgir daí é um dos principais motivos da incapacidade da sociedade civil em assumir sua responsabilidade – e, assim, liderar a luta pela transformação política no País. Por isso, uma nova mentalidade é necessária – mais consciente, responsável e participativa. Com o pleito se aproximando, o protagonismo deve ser do eleitor. Pois política sem povo nunca será democracia.
Advogado
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