EDITORIAL
Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): o Brasil tinha, no final do ano passado, 92 milhões de pessoas empregadas, mas também 62 milhões de brasileiros que não trabalham e nem procuram emprego, pelo que não aparecem nas pesquisas como desempregados. Este é o paradoxo do pleno emprego no país, que as políticas públicas ainda precisam enfrentar. A metodologia usada pelo IBGE é a de pesquisar apenas as pessoas que procuram uma oportunidade para calcular o contingente de desocupados em seis capitais brasileiras. No Brasil, ao contrário do que ocorre em muitos países, o emprego precário não é somado à taxa de desemprego, o que pode favorecer as estatísticas e mascarar a realidade.
Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): o Brasil tinha, no final do ano passado, 92 milhões de pessoas empregadas, mas também 62 milhões de brasileiros que não trabalham e nem procuram emprego, pelo que não aparecem nas pesquisas como desempregados. Este é o paradoxo do pleno emprego no país, que as políticas públicas ainda precisam enfrentar. A metodologia usada pelo IBGE é a de pesquisar apenas as pessoas que procuram uma oportunidade para calcular o contingente de desocupados em seis capitais brasileiras. No Brasil, ao contrário do que ocorre em muitos países, o emprego precário não é somado à taxa de desemprego, o que pode favorecer as estatísticas e mascarar a realidade.
Nem tudo pode ser visto como preocupante na contradição entre uma economia que cresce muito abaixo do necessário e uma taxa de desemprego no menor patamar desde 2003. O aumento acentuado no número de inativos _ os que não trabalham nem procuram emprego _ não se deve apenas a fatores demográficos. A mais recente pesquisa Datafolha, por exemplo, mostra que a falta de oportunidades de trabalho preocupa apenas uma minoria. Entre os que não estão em busca de ocupação, uma parcela pode até ser atribuída ao desalento _ termo usado pelos pesquisadores para designar quem desiste de procurar por vaga. Mas há também desde quem não é computado por ter se conformado com um subemprego até quem está demorando mais a chegar ao mercado de trabalho para se aperfeiçoar mais nos estudos.
O país precisa se preocupar em apurar com mais exatidão quem integra o grupo dos inativos, hoje num total superior a mais de duas vezes toda a população da Venezuela. O detalhamento é importante para deixar claro quem, de fato, está optando por ficar fora da disputa por vaga ou foi simplesmente excluído do mercado de trabalho. Além disso, é fundamental para esclarecer até que ponto os benefícios sociais desestimulam ou não a busca por uma oportunidade no mercado formal.
As falhas e divergências nos números da desocupação indicam que o país precisa dispor de estatísticas mais realistas e, ao mesmo tempo, de mais qualificação para o trabalho. O que importa não é apenas exibir números favoráveis, mas sim que eles traduzam a situação real com o máximo de fidelidade. Essa é uma precondição para que o país possa contar com pleno emprego de fato mas, principalmente, com vagas mais qualificadas para contemplar quem se prepara para disputá-las e, em consequência, para garantir melhor remuneração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário