VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 23 de setembro de 2012

O PREÇO DO VOTO


ZERO HORA 3 de setembro de 2012 | N° 17201. ARTIGOS

Flávio Tavares*


Aeleição é a única e melhor forma para escolher quem nos governe. Se observarmos, porém, a campanha para prefeitos e vereadores, parecerá que vivemos uma disputa carnavalesca acirrada e violenta, como na apuração dos desfiles das escolas de samba do Rio e São Paulo. Não falo da música, mas da fantasia que os candidatos exibem da cabeça aos pés em promessas que tapam a realidade. Em véspera de eleição, comprometem-se a fazer tudo o que jamais fizeram nem farão.

A essência das campanhas de prefeito, agora, é dar impressão de força antecipada, como se – para ser eleito – não fosse necessário eleição... Em vez de medir os candidatos pela capacidade de cada um na análise e solução dos problemas urbanos, as “pesquisas de intenção de voto” transformam a disputa num concurso de beleza no qual se opta pela “miss” sem nada querer saber dela, a não ser o sorriso ou o rosto escultural. Será correto levar o eleitor a definir-se assim? Que democracia é esta em que a eleição se decide antes da eleição, na “pesquisa” e não no voto?

Os candidatos apelam, então, à avalanche das promessas e se igualam uns aos outros, como mostrou reportagem deste jornal em torno dos aspirantes a prefeito de Porto Alegre. Cada qual quer superar o outro sendo “mais igual” que o adversário...

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Em vez de exporem ideias, vendem promessas, tal qual o detergente que limpa melhor, a cerveja de melhor sabor ou o creme dental que torna a boca risonha e perfeita! As agências de publicidade mandam nas campanhas. Os partidos tornam-se apenas uma formalidade da lei eleitoral – basta ver as alianças esdrúxulas, em que os “adversários” se unem e os “aliados” se desunem! Em qualquer caso, sobra dinheiro, principalmente nos chamados grandes partidos.

De julho a 6 de setembro, país afora, os candidatos a prefeito e vereador gastaram quase R$ 1 bilhão (ou exatos R$ 975 milhões), informa o Superior Tribunal Eleitoral, prevendo que a soma alcance R$ 3 bilhões até o segundo turno. A maior parte desse gasto estrepitoso e incalculável provém de “doações” de grandes empresas, eufemismo que encobre compromissos espúrios no futuro ou disfarça desvios de recursos das prefeituras e de outros órgãos públicos. E tudo para quê? Para o blá-blá-blá inócuo e oco, inútil e com mofo em busca do osso.

O PMDB comanda o esbanjamento – R$ 98,7 milhões, que devem duplicar até fins de outubro. Logo, vêm o PT, com R$ 89,9 milhões e o PSDB com R$ 74,5 milhões. Só em alugar pessoas para a campanha, gastaram quase R$ 100 milhões. Em combustível, R$ 77 milhões, uns 15 milhões de litros. Em carros de som, R$ 45 milhões, além de outras piruetas.

Estes são os gastos contabilizados oficialmente. E os que não chegam à contabilidade? Em Teresina, capital do Piauí, compra-se voto com crack e maconha. Nossas façanhas gaúchas são menos estridentes, mas também vorazes. Dias atrás, no pequeno município de Bom Progresso, soube-se que o prefeito Arlindo Heine, do PP (com a metodologia do chefe do partido, Paulo Maluf), desviou R$ 7 milhões, junto com os dois filhos. Um era secretário municipal de Finanças, outro da Saúde, num trio bem armado para progredir...

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P.S. – O vereador Beto Moesch escreveu-me para ampliar a crítica que fiz aqui, domingo passado, ao ato do prefeito de Porto Alegre, que derrubou árvores e empedrou parte do jardim da Praça da Alfândega. A medida contraria, inclusive, uma lei municipal de 2003 que obriga as praças a terem 60% de vegetação para facilitar a permeabilidade do solo. E o pior, esclarece o vereador, é que muitos técnicos da prefeitura preferem concreto em vez do verde nas praças...

*Jornalista e escritor

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