EDITORIAIS
Num momento em que voltam a proliferar casos de corrupção e outros delitos no serviço público, é oportuno o debate em torno de uma atitude do governador paulista Geraldo Alckmin. O tucano foi fotografado pela própria família em um helicóptero oficial do Estado, que usou para buscar o filho, a nora e os netos no Aeroporto Internacional de Guarulhos. A imagem com o neto no colo, divulgada nas redes sociais pela mulher do governador, Lu Alckmin, provocou reações imediatas. Numa avaliação inicial, não há como deixar de enfatizar os aspectos positivos da mobilização provocada pelo flagrante entre os internautas. Com a democratização dos acessos aos meios eletrônicos que permitem manifestações públicas, o governador e a família foram submetidos às mais variadas avaliações.
A controvérsia foi ampliada com a divulgação do fato pela imprensa, que somente cumpre integralmente sua missão se mantiver a vigilância dos atos de ocupantes de cargos públicos. A grande questão suscitada pela carona que o governador ofereceu aos familiares é a que se refere aos limites do uso de bens públicos pelos que eventualmente desempenham funções no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Poderia o governador dispor do helicóptero para ir buscar parentes no aeroporto? Imediatamente após a propagação da polêmica, disse o senhor Geraldo Alckmin que uma autoridade exerce suas atribuições por 24 horas, não só no local em que atua, mas também quando tem de se deslocar para ir “ao dentista ou a um evento social”.
Esta visão não é exclusividade do governador paulista. Antes do final do ano, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff utilizará o avião presidencial para levar sua filha e seu neto ao local onde a família passará o réveillon. Em muitos casos, é absolutamente normal que os ocupantes do poder garantam conforto e segurança para seus familiares. O importante é que seja tudo às claras, para que a sociedade possa julgar se os governantes estão usando adequadamente suas prerrogativas ou se estão cometendo algum abuso. Também, por isso, é importante que a imprensa se mantenha vigilante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário