Paulo Vellinho *
O “nós”, do qual faço parte, constitui a maioria da sociedade brasileira, particularmente aquela formada por empresas privadas não ligadas ao “generoso patrão” que, ao confundir justiça com bondade, a primeira que se faz com dinheiro público e a bondade com o próprio bolso, parte e reparte aquilo que não é seu, que é nosso.
O que sinto nesta condição é que existe um total desrespeito dos poderes constitucionais (União, Estados e municípios) aos nossos direitos. Afinal, nós os pagamos, tanto que com suas decisões paternalistas, autocráticas e voltadas por interesses pessoais, levaram o poder público à total exaustão, nada sobrando na rubrica “recurso para investimento” na infraestrutura e nas demais obrigações do Estado, como saneamento básico, saúde física e mental e educação, por exemplo, sem o que esqueça-se a sociedade de nossos sonhos.
Celebram-se os recordes quantitativos do Bolsa Família, mas ignora-se a tragédia que os caracteriza: pobreza extrema, integrada por seres mais biológicos do que humanos, condição que os remete à condição de esmoleres da nação.
O incrível é que apesar de existir o PNQP – Programa Nacional de Qualidade e Produtividade, que mesmo ligado à Presidência da República é ignorado pelo corporativismo do Estado, ainda mais que essas palavras, que não são mágicas, mas sim ferramentas necessariamente utilizadas pela iniciativa privada para sobreviver na luta de suas relações globalizadas, a qual paga a conta dos seus fracassos enquanto a máquina pública na mesma condição debita os prejuízos da ineficiência aos “cofres da nação”.
Por exemplo: vejamos o quadro dos funcionários públicos aposentados precocemente em idades que variam desde os 50 até os 65 anos.
Observe-se que a crise mundial obrigou os países do Primeiro Mundo a reverem as “suas bondades”, como a idade mínima para aposentadoria, o que já fizeram, pois a previdência não permite que se coloque pijama precocemente, quando também cada vez mais se estende a longevidade de homens e mulheres para mais de 72 anos, com exceção do Japão, onde é de 80 anos.
E aí cabe a pergunta: o que fazem os governos quando visualizam que mais de 50% de seus funcionários são aposentados ou inativos?
Simplesmente abrem concurso e admitem funcionários para os postos vagos, sem qualquer preocupação em investir nos funcionários ativos, visando aumentar sua qualificação e produtividade ignorando totalmente o PNQP.
E aí temos o retrato da irresponsabilidade paternalista daqueles que se adonaram dos recursos que não são seus, mas da sociedade, representado por três folhas de pagamento:
1) A folha dos funcionários ativos.
2) A folha dos inativos e aposentados que se mantém desde a aposentadoria precoce aos 50 anos até mais de 70, que é a atual longevidade dos brasileiros; ou seja, sustentamos os apijamados, alguns por até 22 anos.
3) A folha dos concursados admitidos para suprir a falta daqueles que já vestem pijama; mais ou menos 50%.
Não existe nenhum país do mundo, nem vencedor nem perdedor, que seja capaz de ver cada vez mais esgotada a sua arrecadação, destinando-a a esta aberração das três folhas de pagamento!
*EMPRESÁRIO
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