PÁGINA 10 | CARLOS ROLLSING (INTERINO)
Incólumes nos escândalos de corrupção que atingiram os 10 anos de governos do PT, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff estão acostumados a galgar invejáveis níveis de popularidade. Ministros são demitidos, líderes partidários caem em desgraça, mas Lula e Dilma seguem firmes. Com índices de aprovação próximos de 90%, eles espreitam a unanimidade.
A cada novo escândalo – revelados pela imprensa ou por investigações da Polícia Federal –, a opinião pública e, sobretudo, a enfraquecida oposição se perguntam: será que agora o PT cai? É provável que não. Nem mesmo o mensalão, considerado o maior caso de corrupção da história do país, impediu Lula de eleger Fernando Haddad em São Paulo. O poder do PT é crescente, basta olhar os números da última eleição.
A ameaça da vez são os respingos da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. Dirigentes de agências do governo federal são acusados de envolvimento com uma quadrilha que vendia pareceres fraudados. A chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, teria negociado troca de favores, articulado transações ilícitas e intercedido junto ao ex-presidente Lula para fazer andar os interesses dos investigados. Ela teria mantido por anos um caso extraconjugal com Lula. E, por isso, teria conseguido influenciar decisões. Sem explicações a dar, Lula emenda viagens ao Exterior. E agora? Será que Lula entrará em baixa? Improvável. No retorno, provavelmente fará algumas metáforas futebolísticas, citará o Corinthians, seu time do coração, e, aos poucos, tentará se descolar do caso.
Dilma também deverá se livrar de eventual queda abrupta de popularidade. Ela construiu o seu próprio status político, cultivou a imagem de que é impiedosa com a corrupção ao demitir sumariamente os suspeitos. A população brasileira já deu amostras de que não toma as suas decisões baseada na honra dos partidos. O que importa é o desenvolvimento econômico, a distribuição de renda, o aumento do poder aquisitivo. O PT capitalizou politicamente como ninguém esses avanços. Sem fatos estarrecedores, a crise econômica mundial seguirá sendo a principal ameaça ao projeto de poder petista.
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