Os caras de pau - por Aurio Oliveira - Zero Hora, 18/08/2010
Recentemente, a imprensa divulgou a farra do dinheiro público capitaneada por diversos vereadores de inúmeras casas legislativas gaúchas. A divulgação, por certo, deveria causar constrangimentos e indignação por parte dos cidadãos. Deveria! Todavia tal fato não causa mais estranheza e não gera o efeito esperado. E por quê?
Exatamente porque tal conduta da classe política já não se constitui em novidade ou, ainda, em sentido contrário, pela simples razão de que a gastança e o desperdício do dinheiro público praticados por esses senhores, investidos de mandato eletivo, vêm sendo uma prática corriqueira e atinente ao exercício do cargo público que ocupam. Os escândalos e a má utilização do dinheiro público são incontáveis por todo o país.
Os envolvidos são de diversos partidos políticos e ocupam cargos no Legislativo e no Executivo, passando, inclusive, por funcionários apadrinhados pelo velho e bom nepotismo, levando à conclusão de que a chaga da corrupção e da ladroagem está disseminada por todo o tecido do poder político, manifestando-se em todas as esferas do mesmo.
O que mais impressiona, todavia, nem é o fato de se apoderarem indevidamente do dinheiro público – vez que essa conduta tem sido uma constante –, mas sim a dissimulação e o escárnio com que negam os fatos mesmo após terem sidos filmados cometendo a roubalheira. Não há como não se indignar com a cara de pau dos meliantes negando com veemência os delitos que cometeram e que estão registrados pelas diversas reportagens.
Pior que isso, só as desculpas esfarrapadas com que tentam convencer a população da legalidade dos absurdos que cometeram com o dinheiro público, em evidente traição da confiança depositada pelos seus eleitores.
Certamente surgirá algum incauto defendendo a classe política – o bloco dos caras de pau é imenso – e erigindo em sua defesa que se trata de uma minoria e que a política e os bons políticos existem. Claro, também acreditamos em Papai Noel, duendes e no coelhinho da Páscoa... O certo mesmo é que o título desta pequena indignação também poderia ser “Ali Babá e os 40 vereadores”, e a casa do povo facilmente seria confundida com a “casa da mãe joana”.
*Aurio Oliveira é Advogado
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É justamente pela rotina que ocorre sem qualquer pena de prisão, pena administrativa, rejeição política, devolução de valores ou perda de mandadotal que a conduta da classe política "já não se constitui em novidade". É "uma prática corriqueira e atinente ao exercício do cargo público que ocupam" e "os escândalos e a má utilização do dinheiro público são incontáveis por todo o país." Pergunto: Que motivos o povo tem para continuar pagando elevados salários (próximos do teto) e o custo para fiscalizar o uso do dinheiro público através de instrumentos inoperantes e corporativistas denominados "TRIBUNAIS DE CONTAS".
A Sociedade organizada têm por dever exigir dos Poderes de Estado o foco da finalidade pública e a observância do interesse público na defesa dos direitos básicos e da qualidade da vida da população na construção de uma sociedade livre, justa e democrática. Para tanto, é necessário aprimorar as leis, cumprir os princípios administrativos, republicanos e democráticos, zelar pelas riquezas do país, garantir a ordem pública, fortalecer a justiça e consolidar a Paz Social no Brasil.
VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.
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