A trajetória inebriante do poder, por Maria Cecília Medeiros de Farias Kother, Diretora do Instituto MC Educação Social, Zero Hora, 16/09/2010
O poder enquanto poder traz em si características ambivalentes que oscilam entre os polos do bem e do mal. O poder enquanto instrumento do bem é altamente benéfico à convivência social, desde que seja utilizado em razão dos interesses da maioria, dentro de parâmetros legais convencionados e aceitos e que não infrinja os princípios da liberdade individual e coletiva.
O poder é, na sua abstracidade, pela força que o conceitua, uma engrenagem física, mental e psicológica que age na dimensão pessoal do portador e reflete nos que lhe seguem, mas espalha seus efeitos na dimensão do poder que o poder confere ao “dono” do poder. Essa maleabilidade que o poder se confere e que lhe garante a existência e a força também lhe dá a possibilidade de uso subjetivo, que nem sempre transparece de imediato.
A trajetória inebriante do poder se inicia na pessoa que o busca e subjetivamente a atrai, determinando a sua instalação. Quando instalado, o poder torna-se permanente e continua conferindo a esse seu sujeito normas e atitudes próprias de poder. Mas a trajetória do poder não se inicia e termina no sujeito portador. Ela precisa expressar-se e ser aceita pelos outros. Não existem líderes sem seguidores. Consequentemente, o poder se instala em alguém à medida que os outros permitem e estimulem que assim o seja.
Uma campanha política tem para a sociedade (municipal, estadual e federal) uma importância imensurável, pela quantidade de pessoas que, ao consagrarem o seu voto, estão permitindo aos seus escolhidos a possibilidade de se instalarem na trajetória do poder. Que poder é esse? Sem dúvida, será aquele que o escolhido traçará em seu caminho em razão da sua história pessoal, que se compõe de inúmeras variáveis, como educação, valores, atitudes e comportamentos, que poderão estar calcadas, ou não, em valores morais e éticos.
Vem da sabedoria popular a ideia de que cada povo tem o governo que merece. O grande risco que os eleitores correm no decorrer das campanhas é o de se deixarem levar pela propaganda das falsas promessas. E os candidatos sabem disso e passam a agir de forma programada para, deliberadamente, não se deixarem ver como realmente são.
Por outro lado, o eleitor, antes do voto, tem um grau elevadíssimo de poder que repassa na urna. Nesse ato, ele repassa o seu poder, empoderando alguém que agirá em seu nome, tomará decisões que, independentemente de sua vontade e de seu pensamento, diretamente influenciará sua vida até o novo momento de ir às urnas exercitar o seu poder, se o seu candidato não contribuir ou lhe retirar o poder, impedindo ou dificultando a alternância do poder.
A Sociedade organizada têm por dever exigir dos Poderes de Estado o foco da finalidade pública e a observância do interesse público na defesa dos direitos básicos e da qualidade da vida da população na construção de uma sociedade livre, justa e democrática. Para tanto, é necessário aprimorar as leis, cumprir os princípios administrativos, republicanos e democráticos, zelar pelas riquezas do país, garantir a ordem pública, fortalecer a justiça e consolidar a Paz Social no Brasil.
VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.
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