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segunda-feira, 11 de julho de 2011

ALIADOS DE ALTO RISCO

EDITORIAL ZERO HORA 11/07/2011

Um dia depois da queda de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, afirmou, em tom categórico, que o governo não irá transigir diante de suspeitas de irregularidades cometidas por ocupantes de cargos de confiança em qualquer escalão do governo. Disse mais o ministro: “Aliados não podem ser mantidos a qualquer preço”. Assim deveria ser, em quaisquer circunstâncias e em qualquer atividade pública, sempre que, como ocorreu no caso dos Transportes, sejam fortes os indicativos de delitos. A declaração do senhor Gilberto Carvalho somente será efetiva, no entanto, se for traduzida em providências, ou restará como mera figura de retórica, depois do constrangedor envolvimento de servidores ligados a Nascimento em evidências de superfaturamento de obras e recebimento de propinas.

No mesmo dia em que o ministro da Secretaria Geral parecia impor condições para a permanência no governo, o próprio Planalto admitia que o ministro afastado continuará interferindo na escolha de seu sucessor. O objetivo dessa participação seria a manutenção dos vínculos palacianos com o partido do demitido. Pergunta-se: um ministro que cai, sob suspeitas graves, tem o direito de apontar quem irá ocupar o cargo que deixou, depois de submeter o próprio governo a que servia a uma situação humilhante? Que contribuição pode continuar oferecendo ao Executivo um ex-ministro afastado do cargo por não ter o controle da pasta que comandava?

A situação de Nascimento é a repetição de episódios que são explicados, sem dificuldades, pela preservação de espaços destinados a partidos da base governista. A reincidência de desmandos comprova que, ao contrário do que prega o secretário-geral da Presidência, os aliados continuam, sim, sendo mantidos a qualquer preço. Substituem-se os personagens, mas não se mexe no sistema de cotas partidárias, por mais suspeitos que sejam antecessores e sucessores. Aparentemente, apenas o governo paga o preço dessa concessão, sempre com a desculpa de que não pode pôr em risco a sustentação no Congresso. Na realidade, porém, todos arcam com os custos dessas concessões.

Ao manter a partilha de cargos, figuras conhecidas da República, herdadas do governo anterior, continuam transitando com desenvoltura pelos altos escalões, como o presidente de honra do PR, Valdemar Costa Neto, líder da articulação que levara Nascimento aos Transportes. Costa Neto e outros aliados do governo são reconhecidos por sua nebulosa passagem pela vida pública. Com eles, agregam-se ao poder, direta ou indiretamente, os amigos, os parentes, os financiadores de campanha. São esses os grupos que, depois, encarregam-se de exercer toda forma de chantagem, como a que pode preservar a vaga do Ministério sob suspeita a um integrante do mesmo partido que lá estava.

Qualquer governo depende de uma base política no Congresso, mas é enganoso e imoral tentar convencer o país de que vale tudo em nome dessa sustentação. Preservar alianças, muitas vezes espúrias, sob o pretexto da governabilidade, é transigir com os que transformam a política num instrumento de trocas para favorecimento privado. O que o governo deve é reavaliar seus critérios ao fazer escolhas e preservar o decoro a qualquer preço.

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