VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 26 de julho de 2011

QUEBRA DE CONFIANÇA



Quebra de confiança, por Astor Wartchow - Advogado, Zero Hora 26/07/2011

O Brasil é uma república. A palavra república vem do latim “res publica”. Significa coisa pública, que é de todos.

Liberdade, participação dos cidadãos, submissão às leis e ação limitada do Estado são algumas das características institucionais de uma república.

O regime republicano brasileiro vigora desde 1889. Embora passado tanto tempo, a república brasileira ainda tem um grande inimigo. A corrupção!

Nossa ideia mais comum sobre corrupção está relacionada a desvio de dinheiro público, ou coisas materiais, por um funcionário, um administrador ou um político desonesto. Basicamente, sempre relacionada às coisas públicas, não privadas. Mas esse não é o maior crime do corrupto.

Seu maior crime é “matar a confiança”. A confiança é o núcleo do ideal republicano. A confiança é o principal bem em comunidade. A corrupção elimina a confiança de um cidadão no outro.

De modo que a nossa indignação está erradamente focada na questão do dinheiro. Imprensa e judiciário, principalmente, também cometem o mesmo erro.

Mas por que toleramos a corrupção se ela degrada os bons costumes sociais, e, principalmente, o alicerce da república?

Histórias de outras épocas e nações falam de cidadãos que se orgulhavam da república e davam suas vidas por ela. Hoje, impera o individualismo. Em detrimento do engajamento público e político, a vida privada se ampliou. Trabalho, lazer e valores éticos são medidos a partir do indivíduo. E não do interesse social.

A ideia e a prática da coletividade para nós é uma abstração, um sacrifício. Nada que exija sacrifícios e custos pessoais tem chance de prosperar.

Perdemos a compreensão e a dimensão do interesse público e social. Não acreditamos no coletivo, nem no ideal republicano.

Significa dizer que costumes (ética, não corrupção, ideais públicos) não são mais garantidores e fundadores da república.

E se a república tem um ideal coletivo e valoriza o bem comum, que significa o compromisso de todos com todos, a corrupção é sua negação.

A corrupção realiza a degradação de bons costumes e “rouba” bens indivisíveis como a virtude, o direito e o ideal comunitário, valores que nos enriquecem coletivamente.

O principal prejuízo causado pela corrupção é a quebra de confiança. Seja a confiança de uma pessoa na outra, seja a confiança nas autoridades e nos demais representantes da sociedade.

Sem confiança não há república. Hoje, atual e infelizmente, nossa república é só de nome. Uma miragem. Uma farsa!

Urgentemente precisamos reinventar o respeito ao próximo e ao interesse coletivo. Recuperar ética e socialmente o ideal de que há algo em comum entre nós.

É o que eu tenho a dizer aos novos governantes, sempre tão centrados e ciosos com seus fantásticos planos de governo. Simplifiquem e priorizem o combate à corrupção!

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Admirável este artigo. Realmente, a República Federativa do Brasil só existe no papel. Na realidade, o Brasil é de poucos que centralizam o poder, os privilégios e os recursos numa espécie de Versalhes medieval onde tudo é permitido, as ilicitudes não são punidas, as leis são direcionadas e a justiça fica comprometida e amarrada. Ao povo resta a esperança de mudanças, pagar impostos abusivos, votar em promessas e buscar direitos numa teia burocrata e morosa que exige persistência e poder financeiro, além da capacidade da justiça no tratamento das lides diante de leis alternativas e benevolentes e do enfraquecimento das decisões dos juizes naturais e tribunais federativos.

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