KLÉCIO SANTOS | EDITOR-CHEFE DA SUCURSAL BRASÍLIA
O Congresso mais uma vez é refém da sua incompetência. E mais uma vez demonstra a falta de sintonia com a sociedade. Postergou o quanto pode assuntos extremamente relevantes como a PEC dos mensaleiros, que prevê a perda imediata de mandatos em casos de condenações criminais sem possibilidade de recursos.
Só com o recomeço do julgamento do mensalão e diante da iminência de aumentar a bancada carcerária da Câmara é que o deputado José Guimarães, irmão de José Genoino e líder do PT, encaminhou uma lista dos nomes que representarão o partido na comissão especial que analisa a PEC.
A outra solução para evitar mais constrangimentos teria sido aprovar o fim do voto do secreto, que tramita tanto no Senado quanto na Câmara com nuances diferentes, mas em sintonia com o corporativismo reinante nas duas Casas, ou seja, a passos de tartaruga. Agora, o Senado anuncia que vota a medida em segundo turno na próxima semana, enquanto Henrique Eduardo Alves lavou as mãos e foi passear na Broadway.
Foi pela ausência de transparência que Natan Donadon acabou escapando da cassação. É por isso que Henrique Alves avisou que só levaria a plenário a cassação dos mensaleiros cujas prisões podem ser decretadas se o fim do voto secreto for votado. Quer evitar mais uma enxurrada de críticas porque sabe bem o risco que corre de os colegas livrarem mais integrantes da bancada do xilindró. Se Donadon, que era um ninguém, se safou, imagine Valdemar Costa Neto, que controla o PR, ou mesmo Genoino. Enfim, não é de agora essa dissociação.
A Lei Kiss, que regula a prevenção de incêndio em locais de aglomeração, mofa nos escaninhos do Congresso. Mas é sempre assim: quando um fato de repercussão ocorre, não faltam discursos e propostas de ocasião, sem nenhuma mudança real. Aconteceu agora após o resgate dos beagles. Não faltaram ideias para discutir a pesquisa com animais no país, mas de concreto mesmo, nada aconteceu.
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