CARLOS ROLLSING
IMAGEM ARRANHADA
Quase cinco anos depois, gravações contra Yeda anunciadas pelo PSOL nunca apareceram, e depoimentos expõem contradições
Um dos fatos de maior repercussão no governo Yeda Crusius, a suposta existência de vídeos que comprovariam irregularidades na campanha tucana de 2006 não se sustenta na Justiça quase cinco anos depois de o caso ter sido denunciado pelo PSOL. Em dois depoimentos – obtidos por ZH –, o ex-vice-governador Paulo Feijó, que teria sido o responsável por mostrar as gravações aos líderes da legenda, dá versões contraditórias sobre os registros, que nunca apareceram publicamente.
No primeiro testemunho, Feijó afirma ter visto e mostrado os vídeos à cúpula do PSOL. No segundo, em outro processo, negou ter assistido ou recebido o material.
A denúncia veio à tona em 2009, na esteira do escândalo da fraude no Detran. Em entrevista, líderes do PSOL afirmaram ter assistido a gravações feitas pelo empresário Lair Ferst, um dos pivôs do esquema no Detran – desbaratado pela Polícia Federal em 2007, na Operação Rodin. No ano anterior, Lair havia atuado como arrecadador da campanha de Yeda. Nos vídeos, teria registrado casos de caixa 2, distribuição de dinheiro do Detran, pagamento de contas pessoais com verba pública e uso de sobras de campanha.
Os integrantes do PSOL indicaram que tiveram acesso às imagens por meio de Feijó, mas não apresentaram provas da existência dos registros. Citado pelos dirigentes partidários como suposto participante de um episódio de caixa 2, o empresário Humberto Busnello entrou com ação de dano moral contra eles. Nesse processo, arrolado como testemunha do PSOL, Feijó garantiu que teve acesso e mostrou as imagens aos socialistas. Contou que recebeu um laptop com o conteúdo, entregue por Lair a um de seus assessores. Os dirigentes do PSOL, em depoimento na condição de réus, deram a mesma versão.
Ao depor à Justiça Federal de Santa Maria, no processo da Rodin, Feijó apresentou outra versão. Por meio de videoconferência, disse ao juiz Loraci Flores de Lima ter sido procurado por Lair, que teria “coisas graves” a mostrar, mas negou que tenha recebido qualquer material do empresário.
Depois de ouvir Feijó, o juiz passou ao interrogatório de Lair. O magistrado comentou o fato de o ex-vice-governador ter informado desconhecer o conteúdo dos vídeos. Lair disse nunca ter feito qualquer gravação.
Empresário se considera vítima
Um dos proprietários da Construtora Toniolo, Busnello – que está entre as maiores do país –, Humberto Busnello se considera vítima de uma trama política com fins que ele afirma “desconhecer”. Segundo o PSOL, o empresário apareceria em vídeo entregando um pacote com R$ 100 mil ao suposto caixa 2 da campanha de Yeda.
Procurado por ZH, Busnello diz que anexará o depoimento de Feijó na ação da Rodin ao processo de dano moral que move contra Pedro Ruas, Luciana Genro e Roberto Robaina. O caso está no Superior Tribunal de Justiça, após condenação dos réus em primeira instância e absolvição na segunda.
– A impunidade não retrata a injustiça – diz Busnello.
Ele afirma que, após o episódio, enfrentou problemas na vida profissional e pessoal.
– Se tiver alguma coisa para aparecer sobre esse caso, acredito piamente que não terá absolutamente nenhuma relação comigo. O fato não existiu – diz, ressaltando que ainda não decidiu se abrirá uma ação judicial contra Feijó.
ANÚNCIO EM COLETIVA
Cúpula da sigla disse ter assistido a registros de caixa 2, como a cena de um empresário entregando R$ 100 mil
- Em 2007, a Polícia Federal deflagrou a Operação Rodin, com o objetivo de desbaratar um esquema que teria desviado R$ 44 milhões no Detran.
- O escândalo balançou o governo Yeda. Entre os inúmeros desdobramentos do caso, está a suposta existência de gravações que registram irregularidades.
- Na Justiça, os personagens envolvidos no episódio têm dado versões contraditórias. Passados quase cinco anos, as imagens nunca vieram à tona.
CONTRAPONTOS
O que disse Paulo Feijó - Negou ter mostrado os vídeos ao PSOL e ressaltou que a responsabilidade sobre a denúncia é de Ruas e de Luciana. Sobre os depoimentos contraditórios, alegou que não se recordava do teor das manifestações. Admitiu ter visto o conteúdo por intermédio do seu ex-assessor, André Zelmanowicz.
O que disse André Zelmanowicz - O ex-assessor preferiu não se manifestar.
O que disse Lair Ferst - O empresário preferiu não se manifestar.
IMAGEM ARRANHADA
Quase cinco anos depois, gravações contra Yeda anunciadas pelo PSOL nunca apareceram, e depoimentos expõem contradições
Um dos fatos de maior repercussão no governo Yeda Crusius, a suposta existência de vídeos que comprovariam irregularidades na campanha tucana de 2006 não se sustenta na Justiça quase cinco anos depois de o caso ter sido denunciado pelo PSOL. Em dois depoimentos – obtidos por ZH –, o ex-vice-governador Paulo Feijó, que teria sido o responsável por mostrar as gravações aos líderes da legenda, dá versões contraditórias sobre os registros, que nunca apareceram publicamente.
No primeiro testemunho, Feijó afirma ter visto e mostrado os vídeos à cúpula do PSOL. No segundo, em outro processo, negou ter assistido ou recebido o material.
A denúncia veio à tona em 2009, na esteira do escândalo da fraude no Detran. Em entrevista, líderes do PSOL afirmaram ter assistido a gravações feitas pelo empresário Lair Ferst, um dos pivôs do esquema no Detran – desbaratado pela Polícia Federal em 2007, na Operação Rodin. No ano anterior, Lair havia atuado como arrecadador da campanha de Yeda. Nos vídeos, teria registrado casos de caixa 2, distribuição de dinheiro do Detran, pagamento de contas pessoais com verba pública e uso de sobras de campanha.
Os integrantes do PSOL indicaram que tiveram acesso às imagens por meio de Feijó, mas não apresentaram provas da existência dos registros. Citado pelos dirigentes partidários como suposto participante de um episódio de caixa 2, o empresário Humberto Busnello entrou com ação de dano moral contra eles. Nesse processo, arrolado como testemunha do PSOL, Feijó garantiu que teve acesso e mostrou as imagens aos socialistas. Contou que recebeu um laptop com o conteúdo, entregue por Lair a um de seus assessores. Os dirigentes do PSOL, em depoimento na condição de réus, deram a mesma versão.
Ao depor à Justiça Federal de Santa Maria, no processo da Rodin, Feijó apresentou outra versão. Por meio de videoconferência, disse ao juiz Loraci Flores de Lima ter sido procurado por Lair, que teria “coisas graves” a mostrar, mas negou que tenha recebido qualquer material do empresário.
Depois de ouvir Feijó, o juiz passou ao interrogatório de Lair. O magistrado comentou o fato de o ex-vice-governador ter informado desconhecer o conteúdo dos vídeos. Lair disse nunca ter feito qualquer gravação.
Empresário se considera vítima
Um dos proprietários da Construtora Toniolo, Busnello – que está entre as maiores do país –, Humberto Busnello se considera vítima de uma trama política com fins que ele afirma “desconhecer”. Segundo o PSOL, o empresário apareceria em vídeo entregando um pacote com R$ 100 mil ao suposto caixa 2 da campanha de Yeda.
Procurado por ZH, Busnello diz que anexará o depoimento de Feijó na ação da Rodin ao processo de dano moral que move contra Pedro Ruas, Luciana Genro e Roberto Robaina. O caso está no Superior Tribunal de Justiça, após condenação dos réus em primeira instância e absolvição na segunda.
– A impunidade não retrata a injustiça – diz Busnello.
Ele afirma que, após o episódio, enfrentou problemas na vida profissional e pessoal.
– Se tiver alguma coisa para aparecer sobre esse caso, acredito piamente que não terá absolutamente nenhuma relação comigo. O fato não existiu – diz, ressaltando que ainda não decidiu se abrirá uma ação judicial contra Feijó.
ANÚNCIO EM COLETIVA
Cúpula da sigla disse ter assistido a registros de caixa 2, como a cena de um empresário entregando R$ 100 mil
- Em 2007, a Polícia Federal deflagrou a Operação Rodin, com o objetivo de desbaratar um esquema que teria desviado R$ 44 milhões no Detran.
- O escândalo balançou o governo Yeda. Entre os inúmeros desdobramentos do caso, está a suposta existência de gravações que registram irregularidades.
- Na Justiça, os personagens envolvidos no episódio têm dado versões contraditórias. Passados quase cinco anos, as imagens nunca vieram à tona.
CONTRAPONTOS
O que disse Paulo Feijó - Negou ter mostrado os vídeos ao PSOL e ressaltou que a responsabilidade sobre a denúncia é de Ruas e de Luciana. Sobre os depoimentos contraditórios, alegou que não se recordava do teor das manifestações. Admitiu ter visto o conteúdo por intermédio do seu ex-assessor, André Zelmanowicz.
– Quando o André me mostrou, mandei devolver. Por coincidência, o Pedro e a Luciana estavam lá para me convidar a visitar a Fase (Fundação de Atendimento Socioeducativo). Me perguntaram sobre denúncias. Então, perguntei o que fariam se recebessem um material com tal conteúdo. Disseram que eu deveria denunciar. Depois, saíram. Óbvio que ficaram interessados. E, depois, soube que o André mostrou parte do conteúdo. Ele não deveria ter feito isso sem me consultar.
O que disse André Zelmanowicz - O ex-assessor preferiu não se manifestar.
O que disse Lair Ferst - O empresário preferiu não se manifestar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário