VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

LANÇADO NA CÂMARA MANUAL COMPARA POLÍTICA AO COMÉRCIO


Deputado e professor lançam manual com dicas de como organizar um gabinete. O livro “Marketing político - administrando o gabinete” foi lançado na Câmara por Doutor Ubiali (PSB-SP) e Sérgio Trombelli. Parlamentares devem, por exemplo, priorizar cabos eleitorais e financiadores de campanha, visitar obras e dar entrevistas


EVANDRO ÉBOLI 
O GLOBO
Publicado:7/11/13 - 9h00


O deputado federal Dr. Ubiali (PSB-SP) no lançamento de seu livro “Marketing político - administrando no gabinete” Ailton de Freitas / Agência O Globo


BRASÍLIA - Senhor vereador, senhor deputado: no seu gabinete, priorize os cabos eleitorais e os financiadores de campanha; visite obras, use o capacete, dê entrevista nem que seja para seu site na internet e leve alguém para chamar a atenção dos moradores; pegue os dados de todos que forem pedir algo no gabinete, inclusive para que time de futebol torcem e que religião seguem; mantenha um advogado para atender todos os problemas do eleitor, de vaga em hospital a tratamento com dentista. Essas são algumas das centenas de dicas para políticos que constam no livro “Marketing político — administrando o gabinete”, de autoria do deputado federal Doutor Ubiali (PSB-SP) e do professor Sérgio Trombelli, lançado ontem na Câmara. É uma espécie de manual de como se perpetuar na política.

Os autores ensinam que, num gabinete de vereador ou deputado, há escalas de preferência no atendimento. Em primeiro lugar, vêm os cabos eleitorais: “Fazem parte do gabinete. Todos os assuntos deles são de relevância”. Depois, a prioridade são representantes de redutos e, em seguida, financiadores. “Afinal, não há eleição sem recursos. Por isso, é desnecessário falar mais sobre o assunto”. Ubiali, neurocirurgião que está no segundo mandato de deputado federal, já aprendeu muito da política.

Saber montar um gabinete, ensinam, é primordial: tem que misturar militante com técnico. “Quem opta por um prato só, se dá mal”. E recomendam que o parlamentar contrate um advogado para ajudar os eleitores. “Todos têm problemas com Justiça: pensões alimentícias, despejos, dívidas, parentes presos, enfim, uma gama enorme de pedidos”. Um gabinete também precisa de um assessor que conheça hospitais públicos ou filantrópicos, para arrumar consulta, mesmo em consultórios particulares com médico conhecido ou até pagando. E também um dentista, “a fim de auxiliar aquele que precisa de dentes para poder sorrir”.

O parlamentar, sugerem, deve organizar visitas a obras e registrar o evento. E dão dicas de oratória: “Os eleitores esperam que o candidato seja bom no discurso. Este bom não significa ter a voz do William Bonner ou a oratória de Leonel Brizola. O presidente Lula fala cometendo erros de português, emite conceitos equivocados sobre Geografia e História, mas convence a massa. No fundo, desde que o político use da palavra e diga coisas que façam sentido, ele se faz entender. E isso basta”.

Os autores dizem que os pedidos que chegam são um “inferno de coisas” e que alguns devem ser atendidos e outros, não. “Carne para churrasco, remédios, conta de telefone, dinheiro emprestado, viagens para visitar parentes, doentes (...). No meio deste inferno de coisas, se você começar a atender alguns pedidos não poderá deixar de atender a outros. E sua fama correrá pela cidade como clientelista, e a partir daí seu mandato será um toma lá dá cá. Impossível de controlar e vai perder mais votos que ganhar”.

A política é comparada ao comércio: eleição é “venda”; o mandato, “pós-venda”; e o eleitor, “cliente”. E, para “fidelizar” o cliente, ou seja, manter os eleitores para a eleição seguinte, valem frases feitas para usos emergenciais para idosos (“não há maior injustiça que esquecer de quem fez o progresso que temos hoje”), mulheres (“não há desenvolvimento social e econômico sem a mulher”) e deficientes (“se perfeitos sentimos o peso da vida, imagine aqueles que possuem deficiência”).

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