André Machado
Não há roda em que não se levante crítica à política brasileira. As más ações de uma parcela dos que foram eleitos jogam em vala comum os que escolhem a vida pública para fazer o bem e aqueles que buscam apenas vantagens pessoais. Queixar-se do setor público é esporte nacional. Fazer parte da vida pública, porém, não. Como se o político nada tivesse a ver com seus representados. Como se a qualidade da composição do Congresso Nacional nada tivesse a ver com a escolha do eleitor. É preciso lembrar o óbvio: ninguém conquista mandato só pela própria vontade. É preciso apoio popular. Ingressa na política o abnegado, que sonha com um País melhor, e também o tipo hoje-eu-vou-me-dar-bem, que faz da política um negócio escuso. Não é fácil formar conceito fora da zona de conforto. Deixar a passividade das críticas (às vezes ásperas, exageradas) e dar a cara para bater. Não apenas para ser criticado, mas para contribuir com aqueles que já fazem da política um campo para nosso crescimento como sociedade e que lutam contra os sobrenomes de sempre que nos assombram há décadas com dinastias que transcendem governos e ideologias.
Esta transformação - já em andamento - só será completa quando boa parte daqueles que hoje criticam os políticos passar para o outro lado. Quando os muitos que se queixam perceberem a importância de militar. Não há mudança fora da política, e partidos fortes são fundamentais. Mas eles só serão melhores quando os melhores abraçarem a vida pública. Quando fiz minha escolha pelo PCdoB, recebi muitos apoios e também muitas críticas. O que fiz foi deixar a tranquilidade de estar atrás do microfone e ir para a linha de frente, ao lado de muitos que pensam como eu. Aos críticos, fiz um apelo que renovo a cada dia: encontre um partido que se aproxime do que você pensa e filie-se. Saia, enfim, da zona de conforto.
Jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário