VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 10 de dezembro de 2011

OBRA CARA E QUE NÃO APARECE

Cecy Oliveira, jornalista - ZERO HORA 10/12/2011


O Brasil está pagando cada vez mais caro por seguir a trilha enviesada de dar um valor excessivo apenas para aquilo que é visível aos olhos.

De que adianta ser a oitava economia do mundo se nos hospitais brasileiros doentes continuam sendo empilhados em condições subumanas?

Em muitas regiões do país – inclusive no Rio Grande do Sul –, ainda morrem por doenças causadas por falta de saneamento, antes de completar um ano de vida, mais de cem crianças de mil nascidas vivas.

A cada ano, bilhões de reais são gastos em um sistema de saúde que privilegia a doença, a degradante ambulancioterapia, os exames desnecessários, as consultas-relâmpago e as filas que varam madrugadas e humilham doentes e seus parentes.

As péssimas condições dos mananciais fazem com que a água que chega às torneiras seja buscada cada vez mais longe, tenha tratamento cada vez mais caro e, especialmente no verão, mostre cheiro e gosto que são incompatíveis com a potabilidade.

Capitais, como Porto Alegre, e cidades importantes, como Pelotas e Caxias do Sul, exibem números medíocres no que se refere a coleta e tratamento de esgotos. E os prefeitos se queixam de que, além de caras, as obras de saneamento geram reclamações da população e manchetes negativas por causa dos buracos. E, quando estão concluídas, não aparecem.

Quando se olha para as nações desenvolvidas, o que chama a atenção em termos de mortalidade infantil e controle de doenças evitáveis é que todas fizeram o dever de casa. Onde serviços essenciais – principalmente água, esgoto, resíduos e drenagem – são oferecidos à maioria da população, as estatísticas sanitárias mostram-se amplamente favoráveis. Aqui no Brasil, as doenças evitáveis com boa infraestrutura de saneamento continuam ocupando 70% dos leitos hospitalares.

Para mudar este enfoque, é preciso esforço e visão de longo prazo. O que infelizmente está muito longe do viés imediatista da maioria dos governantes, dos parlamentares, da imprensa e da própria população. Parece que não aprendemos nada nesses anos todos. O panorama em pleno século 21 continua dando razão ao velho ditado de que o estadista é aquele que mira a próxima geração; já o demagogo é o que foca na próxima eleição. E este tem levado vantagem nas últimas e péssimas safras de eleitos.

Resta ter esperança de que a próxima troca de prefeitos e vereadores, agora em 2012, seja uma boa ocasião para tentar reverter o resultado desta equação cruel e o saneamento ganhe o lugar que merece entre as prioridades dos candidatos.

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