VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A PRIVATARIA TUCANA


BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL
Porto Alegre, Terça-feira, 13 de Dezembro de 2011.


Um detalhe é fundamental: todos os fatos narrados estão baseados em documentos oficiais, obtidos em juntas comerciais, cartórios, no Ministério Público e na Justiça.

Ao ler a manchete do jornal Folha S.Paulo "PF liga Collor ao recebimento de dossiê Cayman", teclei rápido em busca de detalhes certa de que o jornal estaria dando destaque ao lançamento, na última sexta-feira, do livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr. cujo título "A Privataria Tucana" oferece todo o roteiro dos bastidores destas guerras entre personagens da política brasileira. Que nada! Nenhuma linha sobre o livro. Pelo contrário, de certa forma a reportagem que ressuscita o tal dossiê Cayman dá a largada para desacreditar qualquer versão que implique tucanos com supostas movimentações financeiras no exterior.

Comecei ontem a ler o livro do Amaury, resultado de dez anos de pesquisa, e como bem afirma o editor "a narrativa vai mais além, ao perseguir a onda privatizante e a abertura de contas sigilosas e de empresas de fachada nos paraísos fiscais do Caribe, onde se lava mais branco não somente o dinheiro sujo da corrupção, mas também o do narcotráfico, do contrabando de armas e do terrorismo". Um detalhe é fundamental: todos os fatos narrados estão baseados em documentos oficiais, obtidos em juntas comerciais, cartórios, no Ministério Público e na Justiça.

Lavam dinheiro de todas as máfias e, também, aqueles que provem da corrupção política. "A lavagem de dinheiro é a espinha dorsal do crime organizado", garante o ministro Dilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça. "Hoje - diz - 70% do dinheiro lavado no País vem da corrupção e não mais do tráfico internacional de entorpecentes e do contrabando de armas e munição como ocorria antigamente. Após relatar o assalto e o modus operandi dos responsáveis pelos leilões discutíveis que "venderam" o patrimônio nacional, o livro se propõe a desnudar as muitas e imaginativas maneiras de ganhar muuuiiito dinheiro, entre elas do processo de internação de valores de origem suspeita.

Daí surgem os paraísos fiscais e as offshores! Coisa de gente grande! Amaury vai direto no fígado dos brasileiros quando afirma: "O Brasil e suas instituições não têm o direito de continuar fazendo de conta que não viram a rapinagem organizada que devastou os bens do Estado nos anos 1990 e começo da década seguinte. Varrer a sujeira para baixo do tapete não é mais possível. Já escondemos a escravidão, ocultamos a barbárie da ditadura, não podemos negar a evisceração da privataria. Quem for inocente que seja inocentado, quem for culpado que expie sua culpa". Não foi à toa que o Prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz, cunhou um neologismo ácido ao definir a onda privatista do terceiro mundo: "Um 'briberization'; oferecer, dar, receber ou solicitar qualquer bem ou valor para influenciar as decisões de funcionário público". No popular: "propinização". Vale a pena a leitura. Não escapa ninguém!

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