VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

POLÍTICOS E CONSULTORIAS


Juremir Machado da Silva - CORREIO DO POVO, 15/12/2011


Vamos combinar: todo político que, depois de alguns anos de mandato(s), fica a pé e começa a dar consultorias, pratica, de algum modo, tráfico de influência. Político sem mandato poderia fazer qualquer coisa, menos dar consultoria para empresas ou empresários. Por quê? Por várias razões. O que vende um consultor na posição de ex-governador, ex-senador, ex-prefeito, ex-presidente da República? Vende o "capital" que acumulou na condição de agente público: relações, informações privilegiadas transformadas em análises e projeções de mercado, contatos etc. O que quer o empresário? Acesso a esse "capital" ou até mesmo ficar bem com alguém que poderá voltar ao poder em seguida. Vale lembrar que empresas e empresários financiam campanhas e disputam verbas públicas em licitações. Em outras palavras, não tem como dar certo. É impossível separar essas coisas. Nenhuma consultoria de ex-político é apenas técnica ou neutra.

Um ex-político influente sempre deixa ex-assessores espalhados pela máquina pública. Veja-se o caso de Fernando Pimentel. Deu consultoria para uma empresa, que disputou uma licitação da Prefeitura de Belo Horizonte. Por coincidência, no controle da operação licitatória estava um ex-protegido de Pimentel. O cliente foi, é bem verdade, inabilitado numa determinada fase, entrou na Justiça e obteve uma liminar. Tudo bem. Mas esse tipo de relação só pode ser chamada de suspeita. Os valores pagos pelos serviços são exorbitantes: R$ 500 mil por uma consultoria de "conjuntura econômica", um mero relatório escrito ou verbal, uma manhã de conversa ou 2 horas. Fernando Henrique Cardoso levou R$ 80 mil para passar uma manhã conversando com empresários mineiros. O que tem para dizer-lhes que valha tanto em tão pouco tempo? Consultoria é um nome nem tão bonito assim para algo que poderia ser chamado de esquema, um toma lá dá cá legal. Ou quase. Bem examinado, dá rolo. Ou fica muito chato.

Palestras abertas ao público, ainda vá. Em grupinhos, sob o nome de consultoria, gera desconfiança. Fernando Pimentel tem bons laços com o PSB. Já teve conflitos interno no PT por causa disso. O PSB é forte em Pernambuco. O atual prefeito de BH é do PSB. De repente, a empresinha mineira de Pimentel é contatada por um cliente de Pernambuco, fabricante de tubaína. Pimentel, claro, tem muito a dizer sobre tubaína, sendo mesmo, com certeza, um dos maiores especialistas do país em tubaína, que ele define com rigor científico "como um mercado complicado". Fez o serviço, mandou o parecer, do qual ninguém se lembra na empresa que fez o desembolso.

O mais importante é a cadeia (não a prisão, pois para ela os consultores não vão): quem indica clientes, quem os recebe, o que eles buscam, o que compram, o que sai ganhando, o que está em jogo. Na base, é assim: não se poderia vender como privadas informações ou conhecimentos obtidos no exercício de atividades públicas. É isso aí. O problema é que muito ex-político fica na pindaíba. O jeito é tentar ganhar dinheiro com tubaína. Turbinada.

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