FLÁVIO TAVARES, JORNALISTA E ESCRITOR, ZERO HORA 04/12/2011
Alguém já indagou por que o prestígio do futebol cresce e o da política diminui ou murcha? Se, hoje, é mais importante construir estádios do que edificar as instituições do Estado, algo grave e profundo deve ter ocorrido. Para explicar, não basta dizer que imprensa, rádio e TV dedicam amplos espaços aos desportos e que, ali, as melhores figuras do jornalismo martelam com jogadas e jogadores. A explicação é ainda mais simples: no futebol não vale o “faz de conta”.
Ou é, ou não é! Gol é gol. Pode o juiz anular um gol legítimo ou permitir jogadas brutas, mas a síndrome de iludir, burlar e enganar no resultado final não é doença autorizada, cultivada nem festejada como na política. Síndrome? Sim, esse conjunto de sintomas do “faz de conta” que domina a política, invade o cotidiano da administração pública e se alastra, até, a empresas privadas – tão gerais, indefinidos e perversos como os da aids.
O exemplo gritante, agora, é o desdém com que o Palácio do Planalto e a “base aliada” (ou “alugada”) no Congresso encararam a decisão do Conselho de Ética da República de recomendar a demissão do ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Por unanimidade, os sete conselheiros julgaram “insatisfatórias” as explicações de Lupi sobre fraudes em milionários convênios firmados com agências de emprego ou de treinamento de mão de obra, de propriedade de membros de seu partido, o PDT, ou ligadas à Força Sindical. A recomendação foi expressa – exonerar o ministro –, mas a presidente Dilma Rousseff tomou a decisão unânime como um “faz de conta”. E o boquirroto Lupi continua. “Pela relação que tenho com a Dilma, não saio nem na reforma ministerial”, bradou quando a Controladoria-Geral da União comprovou as primeiras fraudes. A insinuação de cumplicidade soou a bravata. Mas agora a presidente pediu que a Comissão de Ética se explique e diga por que decidiu o que decidiu! Mesmo com sua coerente visão de mundo, ela inverteu os papéis, como se, na condenação unânime de um suspeito, duvidássemos dos juízes, não do réu.
Ou, plagiando Pascal, a política terá razões que até a razão desconhece?
O Conselho de Ética da Presidência da República é das poucas coisas sérias existentes em Brasília. No Rio Grande do Sul, porém, mesmo com outra finalidade, o “Conselhão” instituído pelo governador Tarso Genro já nasceu com a síndrome do faz de conta. Com 90 membros, recrutados em organizações sociais, tende a virar plenário de exibicionismo ou de disputas grupais. Ou pelego para dormir a sesta a quem não tenha outro pouso.
Tem mais integrantes do que a Assembleia Legislativa, cujo comportamento errático e medíocre é conhecido, mesmo tendo a presidi-la, hoje, um deputado ativo e correto. O “Conselhão” reuniu-se 120 vezes em nove meses, mas o Estado continua em paralisia, sob os efeitos da prolongada epidemia de inércia de governantes mais interessados na pedante politiquice de assegurar a pequenez do presente do que em agir para o futuro.
É pena: a política virou síndrome da imunodeficiência do faz de conta. Uma espécie de aids social.
A Sociedade organizada têm por dever exigir dos Poderes de Estado o foco da finalidade pública e a observância do interesse público na defesa dos direitos básicos e da qualidade da vida da população na construção de uma sociedade livre, justa e democrática. Para tanto, é necessário aprimorar as leis, cumprir os princípios administrativos, republicanos e democráticos, zelar pelas riquezas do país, garantir a ordem pública, fortalecer a justiça e consolidar a Paz Social no Brasil.
VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.
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