VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 9 de maio de 2015

DILMA VERSUS PT

REVISTA ISTO É N° Edição: 2371 09.Mai.15 - 10:40





Carlos José Marques, diretor editorial




Por mais esquizofrênico que possa parecer, a distância entre o PT e o governo Dilma - de origem essencialmente petista, diga-se de passagem!- aumenta por esses dias. E quem trata de delimitar as diferenças é o próprio Lula, mentor e artífice da presidente. No programa partidário exibido na semana passada foi ele quem assumiu a posição claramente oposta a que prega o governo em relação ao projeto de terceirização dos trabalhadores, um dos sustentáculos do ajuste fiscal. Foi ele também quem decidiu deixar Dilma de fora do programa, como alguém excluído, apagado dos quadros, temendo que sua impopularidade contaminasse a aura da legenda e protestos fossem ouvidos no horário da exibição. Ingênua ilusão! Mesmo sem Dilma, o programa foi recebido em todo o País com panelaços, buzinaços e gritos de repúdio. A desaprovação que enfraquece Dilma se esparrama pelo Partido e mesmo sobre o líder Lula. Por mais que tentem disfarçar o elo original, ninguém cai na lorota de dissociar um do outro. E vieram as vaias. De novo e mais fortes. O PT do programa falou em defesa dos direitos dos trabalhadores para logo depois, no plenário da Câmara, votar a favor e aprovar medidas amargas como o corte de direitos no acesso ao seguro-desemprego, ao abono salarial, a pensões e ao auxílio-doença. Os partidos aliados, liderados pelo PMDB, temendo ficar com o ônus de um projeto que é cria petista, exigiram coerência da sigla que, mais uma vez, tentou fingir que não era governo, mas acabou vestindo a máscara. Como um dragão de duas cabeças, o PT segue na sua metamorfose ambulante. Está numa crise de identidade sem precedentes. Governa e faz discurso típico de oposição quando lhe convém. Muda de papel ao sabor das circunstâncias e tenta imputar aos outros erros e decisões que ele mesmo toma no controle do poder. As hesitações estão lhe impondo derrotas fragorosas e, por tabela, prejudicando o País que depende de soluções rápidas para a crise. Cada político filiado - seja deputado, senador ou governador - parece no momento mais preocupado em garantir o próprio prestígio em seus currais antes de se aventurar na defesa de Dilma e de suas deliberações. Vigora no PT o salve-se quem puder. Lula diretamente já falou a correligionários mais próximos que vai trilhar um caminho próprio, mais à esquerda, assumindo uma agenda que, em muito, deve colidir de frente com as decisões tomadas hoje pelo Governo do qual é patrono. E no Congresso rachado ao meio por essa falta de pulso do Executivo o oportunismo ganha vez. Como uma nave fora de órbita, ali prevalecem os desejos e planos pessoais dos líderes da Casa, a despeito da urgência de algumas pautas como o ajuste fiscal, que está saindo à duras penas em troca de muitas concessões. PT e Governo, na sua ambição e soberba, perderam o controle.

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