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sábado, 9 de maio de 2015

MUJICA ENVOLVE LULA

REVISTA ISTO É N° Edição: 2371 |  09.Mai.15 - 10:30


Mensalão: Mujica envolve Lula. Em livro recém-lançado, ex-presidente uruguaio diz que petista sabia do pagamento de mesada a parlamentares e que essa era a única forma possível de governar o Brasil




Como ex-guerrilheiro, o líder uruguaio José Pepe Mujica sempre soube guardar segredos. Na semana passada, porém, quando lançou uma espécie de biografia autorizada, Mujica colocou o amigo Luís Inácio Lula da Silva em maus lençóis com uma revelação. O ex-presidente uruguaio disse que o petista “confessou” que sabia bem do que o mensalão se tratava. Num encontro em Brasília, em 2010, Lula teria afirmado que “essa era a única forma de governar o Brasil.” “Neste mundo, tive que lidar com muitas coisas imorais, chantagens”, teria dito o petista. Até então, publicamente, só se conheciam duas versões de Lula sobre o principal escândalo de corrupção de seu governo. Ao contrário do que dizia o publicitário Marcos Valério de Souza, operador do esquema, o petista sempre repetiu a ladainha do “não sabia”. No ano passado, em entrevista a uma rede de tevê portuguesa, ele criticou o julgamento do mensalão, que condenou alguns de seus aliados mais próximos, como José Dirceu e José Genoíno, e chegou a dizer que o esquema de compra de votos de parlamentares “nunca existiu”. Procurados pela reportagem da ISTOÉ, o Instituto Lula e a assessoria pessoal do ex-presidente informaram que não iriam comentar o assunto.



“Una Oveja Negra Al Poder” (“Uma Ovelha Negra no Poder”, em tradução para o português) foi escrito pelos jornalistas uruguaios Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz e tem como foco principal os cinco anos de Mujica na presidência uruguaia. A relação de confiança com o ex-presidente, porém, foi construída ao longo de 18 anos. Nesse período, em que Mujica também passou pela Câmara e pelo Senado, eles tiveram encontros semanais. Foram, ao todo, mais de 100 horas de conversas gravadas. Nas 310 páginas da publicação, Mujica também fala sobre outros presidentes de países vizinhos. Num trecho, ele conta que, em 2013, teria dito o seguinte à presidente da Argentina, Cristina Kirchner: “Não te apoio mais. Estou farto.” No domingo 3, o líder uruguaio participou da Feira do Livro de Buenos Aires. Segundo o jornal Clarín, no evento Mujica fez novas referências a Cristina. “Algumas vezes a vi como uma aranha malvada, ofendida. Ela sempre defendeu os interesses da Argentina. Na minha opinião, às vezes, de maneira correta e outras equivocadamente.” Sobre seu sucessor, Tabaré Vázquez, eleito pela mesma coalizão de esquerda que apoiou seu governo, Mujica foi ainda mais crítico. “Às vezes, ele passa a impressão de que usa as pessoas. Tem alguma coisa que não me convence.”

Trecho do livro

“Lula teve de enfrentar um dos maiores escândalos da História recente do Brasil: o mensalão, uma mensalidade paga a alguns parlamentares para que aprovassem os projetos mais importantes do Executivo. Compra de votos, um dos mecanismos mais velhos da política. ‘Lula não é um corrupto como Collor de Mello e outros ex-presidentes brasileiros’, disse-nos Mujica. Ele contou que Lula viveu todo esse episódio com angústia e com um pouco de culpa. ‘Neste mundo tive que lidar com muitas coisas imorais, chantagens’, disse Lula, aflito, a Mujica e Astori (Danilo Astori, então vice-presidente do Uruguai) antes de assumirem o governo do Uruguai. ‘Essa era a única forma de governar o Brasil’, se justificou.”
(“Una Oveja Negra Al Poder”, da editora Sudamericana, ainda sem tradução para o português)

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