REVISTA ISTO É N° Edição: 2373
23.Mai.15 - 10:37
Carlos José Marques, diretor editorial
Na batalha campal para fazer o ajuste fiscal que o País necessita o governo se perde no jogo político. A base petista continua a fazer populismo. Rebelou-se, de novo, e ameaça votar contra as medidas. Exige um ajuste mais frouxo, que acomode promessas de campanha. É fato: quase todas elas já foram para as calendas. O reequilíbrio das finanças públicas deveria depender fundamentalmente do corte do orçamento e do custeio da máquina. Está saindo, entretanto, via aumento de impostos. Basicamente do bolso do brasileiro. Uma temeridade que compromete ainda mais as chances de recuperação econômica no curto prazo. O PT posa de bom samaritano tentando incorporar a ira de quem paga a conta. Mas não é contra aumentos abusivos de recursos para o fundo partidário, por exemplo. Muito menos abre mão de suas posições e verbas a perder de vista na estrutura estatal. Esses desembolsos extras consideráveis a pesar contra o ajuste não são alvo da resistência de seus senadores e deputados. Ao contrário, são aprovados com naturalidade. No puxa, repuxa para acomodar interesses e conveniências aumenta o fosso que separa a meta fiscal das despesas correntes. Agora o PT sonha com imposto sobre fortunas, imposto sobre herança, imposto sobre aplicações financeiras. Pensa que por aí vai continuar arrecadando de baciada para gastar como quer. Também está incutida na proposta da agremiação uma certa revanche, uma dose de retaliação contra aqueles que, imagina, formam a “elite golpista”. O Partido e seus apaniguados, desde que aparelharam o poder, tornaram-se, eles mesmos, a tal elite que tanto condenam. A lorota de defesa dos trabalhadores serve apenas para garantir seus privilégios. E, lá na frente, alguns votos de eleitores incautos. O PT apodrece no poder, mas não quer largar o osso. E o Governo, que também evita cortar na própria carne – que rejeita qualquer ideia de redução de ministérios – se converte em vítima do maior aliado.
Nem de longe é seu maior problema. No Congresso reina abertamente o que o ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, definiu apropriadamente de chantagem. “O esporte mais praticado pelo Parlamento é a vontade de derrotar o Executivo nessa ou naquela proposta”, disse na semana passada. De fato, Renan Calheiros na direção do Senado e Eduardo Cunha no comando da Câmara lideram o majoritário bloco dos inimigos do ajuste. E, por conseguinte, dos objetivos do Governo. Este, sem qualquer traquejo para a negociação, lega ao seu quadro mais técnico, o ministro Joaquim Levy – mentor do pacote –, a inglória tarefa de contornar resistências. Levy é o estranho no ninho embora em suas boas intenções e força de convencimento repousem as esperanças de uma Nação inteira de que há chances de sairmos dessa, apesar da jogatina em curso.
23.Mai.15 - 10:37
Carlos José Marques, diretor editorial
Na batalha campal para fazer o ajuste fiscal que o País necessita o governo se perde no jogo político. A base petista continua a fazer populismo. Rebelou-se, de novo, e ameaça votar contra as medidas. Exige um ajuste mais frouxo, que acomode promessas de campanha. É fato: quase todas elas já foram para as calendas. O reequilíbrio das finanças públicas deveria depender fundamentalmente do corte do orçamento e do custeio da máquina. Está saindo, entretanto, via aumento de impostos. Basicamente do bolso do brasileiro. Uma temeridade que compromete ainda mais as chances de recuperação econômica no curto prazo. O PT posa de bom samaritano tentando incorporar a ira de quem paga a conta. Mas não é contra aumentos abusivos de recursos para o fundo partidário, por exemplo. Muito menos abre mão de suas posições e verbas a perder de vista na estrutura estatal. Esses desembolsos extras consideráveis a pesar contra o ajuste não são alvo da resistência de seus senadores e deputados. Ao contrário, são aprovados com naturalidade. No puxa, repuxa para acomodar interesses e conveniências aumenta o fosso que separa a meta fiscal das despesas correntes. Agora o PT sonha com imposto sobre fortunas, imposto sobre herança, imposto sobre aplicações financeiras. Pensa que por aí vai continuar arrecadando de baciada para gastar como quer. Também está incutida na proposta da agremiação uma certa revanche, uma dose de retaliação contra aqueles que, imagina, formam a “elite golpista”. O Partido e seus apaniguados, desde que aparelharam o poder, tornaram-se, eles mesmos, a tal elite que tanto condenam. A lorota de defesa dos trabalhadores serve apenas para garantir seus privilégios. E, lá na frente, alguns votos de eleitores incautos. O PT apodrece no poder, mas não quer largar o osso. E o Governo, que também evita cortar na própria carne – que rejeita qualquer ideia de redução de ministérios – se converte em vítima do maior aliado.
Nem de longe é seu maior problema. No Congresso reina abertamente o que o ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, definiu apropriadamente de chantagem. “O esporte mais praticado pelo Parlamento é a vontade de derrotar o Executivo nessa ou naquela proposta”, disse na semana passada. De fato, Renan Calheiros na direção do Senado e Eduardo Cunha no comando da Câmara lideram o majoritário bloco dos inimigos do ajuste. E, por conseguinte, dos objetivos do Governo. Este, sem qualquer traquejo para a negociação, lega ao seu quadro mais técnico, o ministro Joaquim Levy – mentor do pacote –, a inglória tarefa de contornar resistências. Levy é o estranho no ninho embora em suas boas intenções e força de convencimento repousem as esperanças de uma Nação inteira de que há chances de sairmos dessa, apesar da jogatina em curso.
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