COMANDO DA CÂMARA
Suspeitas não abalam peemedebista. Henrique Alves é o favorito na eleição para presidência da Casa hoje, mas traições podem levar disputa para segundo turno
Depois de quatro décadas no plenário, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) é o favorito na eleição para o principal cargo da Câmara, o de presidente. Como o colega peemedebista Renan Calheiros – que ganhou a presidência do Senado na sexta-feira mesmo denunciado por crimes –, ele deve chegar hoje ao comando da Casa carregando um rastro de suspeitas envolvendo verbas de emendas parlamentares.
Para ser eleito no primeiro turno, o candidato precisa obter, no mínimo, 257 votos (metade mais um dos 513 parlamentares). Se não conseguir, a eleição será decidida em uma segunda rodada, apenas entre os dois mais votados.
O maior problema de Henrique Alves serão as feridas abertas pela briga pelo cargo de líder do PMDB na Câmara. Durante votação ontem, aliados dos dois principais candidatos ao posto – Sandro Mabel (GO) e Eduardo Cunha (RJ) – admitiram, nos bastidores, apoiar adversários de Henrique Alves hoje, em caso de derrota na disputa pela liderança. A competição pelo cargo foi tensa. No primeiro turno, Cunha teve 40 votos, Mabel, 26 e Osmar Terra (RS), 13. A única abstenção foi de Henrique Alves. No segundo turno, Cunha acabou vencendo Mabel.
Se a promessa de traição se confirmar, cresce a possibilidade de segundo turno, beneficiando Rose de Freitas (PMDB-ES) e Júlio Delgado (PSB-MG). Chico Alencar (PSOL-RJ) também está na disputa, mas sem chances. Delgado, que tem o PSD como aliado, é nome que mais assusta Henrique Alves. Em um segundo turno, Delgado e Rose prometem união contra Henrique Alves.
A candidatura do peemedebista é patrocinada por um acordo entre PT e PMDB, apoiada por outras 17 siglas, de oposição e governistas, e chancelada pela presidente Dilma Rousseff. O Planalto aceitou o império peemedebista no Congresso em nome da manutenção da sigla como aliada preferencial. É por isso que as sucessivas denúncias contra Henrique Alves não o abalaram.
Na primeira delas, foi acusado de destinar parte do dinheiro de suas emendas para bancar obras tocadas pela empresa de um assessor em municípios do Rio Grande do Norte. Depois disso, já se tornou suspeito de lotear cargos no Ministério da Previdência, de locar veículos de uma empresa de fachada e de fazer lobby para furar a fila da Comissão da Anistia para beneficiar aliados.
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