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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

SENADO ELEGE PRESIDENTE SENADOR CHEIO DE DENÚNCIAS

ZERO HORA  01/02/2013 | 15h40

Renan Calheiros é eleito presidente do Senado. Candidato que sobe ao cargo em meio a denúncias fez 56 votos, contra 18 de Pedro Taques


Calheiros foi eleito com 56 votos para a presidência do SenadoFoto: Marcos Oliveira / Agência Senado/Divulgação


O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi eleito nesta sexta-feira presidente do Senado. Ele substituirá o companheiro de partido José Sarney (AP) e presidirá a casa legislativa por dois anos. Calheiros, eleito em meio a denúncias do procurador-geral da República, obteve 56 votos, contra 18 do senador Pedro Taques (PDT-MT). Houve dois votos em branco e dois nulos. Ao todo, 78 dos 81 senadores participaram da votação.

Antes da eleição, senadores falaram na tribuna do Senado, manifestando opiniões contrárias e favoráveis a Calheiros. Colega de partido do novo presidente da Casa, o gaúcho Pedro Simon afirmou que, em razão das denúncias envolvendo o seu nome, Calheiros não deveria ter se candidatado.

— Não sou íntimo de Renan. Mas, se fosse, eu lhe diria: não se meta nisso — disse Simon, que também criticou os colegas de plenário por não fazerem silêncio durante os discursos.

O ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL) tentou desqualificar a figura do procurador-geral Roberto Gurgel e dizer que ele não pode apresentar denúncias contra Calheiros:

— [Gurgel] é prevaricador, chantagista e sem autoridade moral — disse.

Em seu discurso, antes da votação, Pedro Taques se apresentou como perdedor. Disse que a vitória de Renan estava garantida e mas insistiu na importância moral da sua candidatura, citando "perdedores" como o Apóstolo Paulo e Tiradentes.

— Sou o candidato do PDT, do PSOL, do PSB, do DEM, do PSDB e de corajosos senadores de outras legendas que não se submeteram. Nós, os que vamos perder, saudamos a todos com a dignidade intacta — disse.

Na sua vez de falar, Calheiros se concentrou nas suas propostas para o exercício da presidência, entre elas a criação de um "banco de dados federativo" para auxiliar os senadores no conhecimento de assuntos relacionados aos Estados e ao DF. Prometeu criar uma Secretaria da Transparência, sem custo adicional para a Casa, e afirmou que pretende resgatar o papel do Senado como espaço legislativo e desburocratizado.

— Se no passado nós fomos capazes de remover o entulho autoritário, vamos remover o entulho burocrático do Brasil — disse.

Antes da votação, José Sarney fez o seu último discurso como presidente do Senado. Ele avisou, no começo, que a fala seria longa, pedindo desculpas aos colegas senadores, e em seguida enumerou todas as realizações no comando da Casa.

Dança das cadeiras

Os nomes dos candidatos à presidência do Senado são indicados pelas bancadas partidárias. A prioridade na escolha do cargo está vinculada ao número de senadores diplomados, por bancada, nas últimas eleições. Dessa forma, cabe ao PMDB a indicação do presidente.Desde 2003, o comando do Senado é praticamente uma dança das cadeiras entre Sarney e Calheiros, que presidiram a casa quase de modo ininterrupto. No quesito originalidade, o Senado merece nota zero. Com o retorno de Renan à cadeira de presidente nesta sexta, se completará mais de uma década sem que ele ou José Sarney estejam fora da presidência da Casa. A única exceção é Garibaldi Alves, em 2007: mas ele só foi eleito porque o alagoano renunciou para salvar o próprio mandato. Veja o quadro que mostra os presidentes eleitos para a casa nos últimos 10 anos:





COMENTÁRIO DO BENGOCHEA -Os senadores mostram suas caras nesta eleição para presidente do Senado Federal, contrariando a opinião pública e a ética. Resta considerar este presidente persona non-grata no RS, se é que ainda resta indignação aos políticos e ao povo gaúcho, começar a reavaliar os senadores que votaram nele, e abraçar a campanha pelo fim do Senado.

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