ZERO HORA 23 de julho de 2015 | N° 18235
POLÍTICA + | Juliano Rodrigues
A coerência é um artigo raro na política, mundo cheio de reviravoltas e alternância de posições entre oposição e governo, mas a anunciada ideia dos adversários do Planalto, de derrubar o veto da presidente Dilma Rousseff ao reajuste de 78,6% concedido pelo Congresso aos servidores do Judiciário, supera os limites do jogo político e flerta com a irresponsabilidade. Os mesmos partidos que cobram, com razão, o enxugamento do número de ministérios (hoje, são 39) e a redução das despesas públicas pretendem que o governo abrace uma conta de R$ 25,7 bilhões nos próximos quatro anos para dar aumento aos funcionários.
A intenção da oposição é clara: quanto mais desgastada estiver a presidente Dilma, melhor para os seus adversários. Porém, ainda que não concordem com os termos do ajuste fiscal promovido pelo governo, os oposicionistas não deveriam ignorar o forte impacto que um reajuste dessa ordem teria nos cofres públicos. Além de poder comprometer o ajuste fiscal a longo prazo, o aumento teria efeito imediato na economia e criaria um abismo entre os salários dos funcionários da Justiça Federal e os do Executivo, o que poderia gerar reações de outras categorias.
Embora a conta do reajuste para 2015 seja de R$ 1,5 bilhão, a despesa cresceria progressivamente e chegaria a R$ 10,5 bilhões a partir de 2018, quando a oposição obviamente espera vencer as eleições e passar a comandar o país.
Fazer demagogia com servidores quando não se está no governo é uma prática conhecida, mas que pode se tornar cada vez mais nociva quando é cegada pela disputa política. No RS, por exemplo, deputados dos partidos que agora estão no governo votaram a favor de aumentos a funcionários públicos em 2014 sem sequer discutir qual seria a fonte de pagamento dos reajustes. Os mesmos que reclamavam dos gastos excessivos da gestão anterior foram à tribuna da Assembleia fazer média com o funcionalismo e aumentar despesas.
Hoje, sentados na cadeira de gestor, padecem para manter salários em dia e estudam até mesmo renegociar os reajustes.
ALIÁS
Ontem, no anúncio de novos cortes no orçamento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tentou sensibilizar o Congresso e disse que precisa de ajuda para aprovar medidas de auxílio à economia, e não novos gastos.
POLÍTICA + | Juliano Rodrigues
A coerência é um artigo raro na política, mundo cheio de reviravoltas e alternância de posições entre oposição e governo, mas a anunciada ideia dos adversários do Planalto, de derrubar o veto da presidente Dilma Rousseff ao reajuste de 78,6% concedido pelo Congresso aos servidores do Judiciário, supera os limites do jogo político e flerta com a irresponsabilidade. Os mesmos partidos que cobram, com razão, o enxugamento do número de ministérios (hoje, são 39) e a redução das despesas públicas pretendem que o governo abrace uma conta de R$ 25,7 bilhões nos próximos quatro anos para dar aumento aos funcionários.
A intenção da oposição é clara: quanto mais desgastada estiver a presidente Dilma, melhor para os seus adversários. Porém, ainda que não concordem com os termos do ajuste fiscal promovido pelo governo, os oposicionistas não deveriam ignorar o forte impacto que um reajuste dessa ordem teria nos cofres públicos. Além de poder comprometer o ajuste fiscal a longo prazo, o aumento teria efeito imediato na economia e criaria um abismo entre os salários dos funcionários da Justiça Federal e os do Executivo, o que poderia gerar reações de outras categorias.
Embora a conta do reajuste para 2015 seja de R$ 1,5 bilhão, a despesa cresceria progressivamente e chegaria a R$ 10,5 bilhões a partir de 2018, quando a oposição obviamente espera vencer as eleições e passar a comandar o país.
Fazer demagogia com servidores quando não se está no governo é uma prática conhecida, mas que pode se tornar cada vez mais nociva quando é cegada pela disputa política. No RS, por exemplo, deputados dos partidos que agora estão no governo votaram a favor de aumentos a funcionários públicos em 2014 sem sequer discutir qual seria a fonte de pagamento dos reajustes. Os mesmos que reclamavam dos gastos excessivos da gestão anterior foram à tribuna da Assembleia fazer média com o funcionalismo e aumentar despesas.
Hoje, sentados na cadeira de gestor, padecem para manter salários em dia e estudam até mesmo renegociar os reajustes.
ALIÁS
Ontem, no anúncio de novos cortes no orçamento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tentou sensibilizar o Congresso e disse que precisa de ajuda para aprovar medidas de auxílio à economia, e não novos gastos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário