ZERO HORA 17 de julho de 2015 | N° 18229
EDITORIAIS
Servidores que recebem salários em valores muito acima do teto constitucional, diárias de viagem sem controle e estatais pouco produtivas com administrações inchadas são exemplos do descalabro que levou o Estado à atual crise administrativo-financeira. Não se pode generalizar. Há bons servidores na administração pública e a maioria recebe até menos do que merece caso dos trabalhadores da educação e da segurança, por exemplo. Mas a frouxidão gerencial, o aparelhamento de órgãos públicos e o uso político da administração, somados à legislação protecionista, tornam a máquina pública insustentável.
Ainda que o pagamento de vencimentos acima do teto seja assegurado por brechas legais, nem isso é suficiente para convencer a sociedade de que os valores são justos. Como admitir que uma empresa com o grau de endividamento da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) possa pagar salário mensal de até R$ 58,5 mil? Ou, então, que a Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), sem receita sequer para se manter, pague R$ 48,9 mil mensais a um servidor inativo? Ainda que empresas de economia mista e autarquias sigam a lógica de mercado, a verdade é que, se fossem do setor privado, já teriam deixado de operar há muito tempo.
É inadmissível que o poder público se omita diante de tantas desigualdades de ganhos entre os servidores. Distorções no uso de verba oficial estão na raiz da crise do setor público gaúcho. Por isso, precisam ser enfrentadas, ainda que as ações contrariem os interesses de um seleto grupo para o qual o Estado existe para servi-lo, não para atender aos interesses do conjunto dos servidores e da sociedade.
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