ZERO HORA 29 de julho de 2015 | N° 18241
POLÍTICA + | Juliano Rodrigues
TRANSPARÊNCIA ABANDONADA PELO CAMINHO
Mesmo descontadas todas as conhecidas dificuldades financeiras que o Estado enfrenta e os esforços do governo para cortar despesas com os decretos de congelamento de gastos, o mistério da Secretaria da Fazenda sobre o pagamento da folha de julho é um excesso. Os mais de 300 mil servidores estaduais, que devem ter os salários parcelados, ainda não sabem quanto receberão na sexta-feira. São pessoas cujas famílias dependem do dinheiro para necessidades básicas, como comer, pagar as contas da luz e da água para poder habitar uma casa com o mínimo de conforto, se locomover, entre outras.
O governo Sartori promoveu, em abril, a Caravana da Transparência, série de reuniões para apresentar a precária condição financeira a todas as regiões do Rio Grande do Sul. Mas parece que o bonde da transparência perdeu as rodas em alguma das estradas esburacadas do Estado e foi abandonado pelo Piratini. Ontem, a Secretaria da Fazenda informou, por meio de nota, que não faria qualquer comunicado sobre salários antes da sexta-feira. A justificativa é a necessidade de monitorar a arrecadação.
Ora, a desculpa até poderia fazer sentido não fosse o fato de, em maio, o secretário da Fazenda ter divulgado o calendário de pagamento, com teto de R$ 5,1 mil, 15 dias antes do fim do mês. Por que em maio as projeções foram tão acuradas a ponto de permitir um comunicado oficial e, agora, são tão vagas, que impedem o governo de, no mínimo, sinalizar com alguma antecedência o valor que será pago aos seus funcionários?
O agravamento da crise financeira é notório e deixa o governador José Ivo Sartori quase de mãos atadas, mas isso não justifica a falta de transparência. Se as projeções mais otimistas se confirmarem, os servidores receberão até o teto de R$ 2,3 mil. O cenário pessimista indica a linha de corte na faixa de R$ 1,5 mil. O restante seria pago apenas a partir do dia 11 de agosto. Por mais imprevisível que seja a situação na sexta-feira, os funcionários do Estado mereciam ao menos saber, de preferência da boca do governador, o que os espera no futuro.
ALIÁS
A cúpula do Piratini está convencida de que os próprios aliados só se darão conta da gravidade da situação financeira com o atraso dos salários de julho. Até secretários do governo desconfiam da existência de uma crise.
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