ZERO HORA 12 de agosto de 2015 | N° 18257
EDITORIAIS
Escolha de Sofia, cobertor curto, decisão aos 45 do segundo tempo e necessidade de matar um leão por dia todos esses clichês têm sido utilizados por integrantes do atual governo para justificar a gestão da falência do Estado, a cada dia mais difícil porque os recursos arrecadados continuam insuficientes para cobrir as despesas. Diante da revolta dos servidores e da paralisação parcial de serviços essenciais, como a segurança pública, é perfeitamente compreensível a decisão do governador José Ivo Sartori de quitar os salários do funcionalismo, atrasando o pagamento da dívida com a União e o repasse a outros fornecedores da administração estadual. Mas, se considerarmos que entre os credores que agora terão seus repasses atrasados estão prefeituras e hospitais, vê-se que a angústia foi apenas transferida para outros atores.
Estratégias semelhantes foram utilizadas por sucessivas administrações, que – por falta de vontade política, por pressões corporativistas ou mesmo por restrições legais – deixaram de enfrentar as verdadeiras causas da falência do setor público. Análise do economista Eduardo Lamas, publicada no último domingo, expõe com clareza as mazelas do Estado. “No centro do desequilíbrio estrutural do RS está o regime de previdência do funcionalismo”, alerta o articulista, lembrando que nada ilustra melhor a irresponsabilidade dos políticos do que aposentadorias precoces, benefícios integrais, paridade entre ativos e inativos e um sistema medieval de pensões. Ele destaca também o desequilíbrio estrutural na divisão orçamentária entre os poderes. “Não há mecanismos políticos e orçamentários que evitem que outros poderes ignorem restrições financeiras e pratiquem políticas de pessoal generosas, sem responsabilidades em termos de esforço fiscal.”
Não seria o momento de criá-los?
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