ZERO HORA 06 de agosto de 2015 | N° 18249
EDITORIAIS
Enquanto os servidores do Executivo protestam, com razão, pelo parcelamento dos seus salários, as lideranças dos outros poderes não têm o direito de adotar uma postura de indiferença diante do problema. O momento vivido pelo Estado impõe reflexão e ação. Por suas atribuições constitucionais e pelo papel que lhe cabe na divisão de poderes, é óbvio que compete ao Executivo o encaminhamento de soluções para uma crise que ultrapassa, e muito, a simples dificuldade financeira. Mas a cumplicidade positiva é dever de todos os envolvidos nas tentativas de um bom desfecho para um cenário alarmante.
Este também não é o momento de os poderes se refugiarem em alegações que podem até ter sustentação legal, como a de que Executivo, Legislativo e Judiciário somente serão de fato independentes se tiverem autonomia financeira. É uma verdade a ser sustentada sem contestação em situações de normalidade. Mas que precisa, sim, ser relativizada, sem prejuízo de autonomia e autoridade, em circunstâncias excepcionais. Não há como pretender total independência sem a correta avaliação do contexto em que cada área está inserida. Nenhum poder pode almejar ser mais independente do que o outro, especialmente em situações como a atual.
O dado positivo, depois de uma série de equívocos na condução da crise, é que Judiciário, Assembleia, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria Pública participarão do grupo de trabalho convocado pelo governo. É um gesto de adesão e um comprometimento público. A sociedade espera uma contribuição efetiva de todos, para pelo menos atenuar a crise, inclusive com cortes de gastos. Afinal, todos são governantes deste Estado falido devido à incúria de lideranças políticas pretéritas e ao egoísmo de categorias de servidores que só pensam em seus próprios interesses.
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